A pandemia pode provocar uma descida na esperança média de vida aos 65 anos. Especialistas ouvidos pelo jornal Público consideram provável que o excesso de mortalidade registado em 2020 provoque um retrocesso no número médio de anos que uma pessoa tem para viver após os 65 anos, revertendo a tendência de crescimento que tem vindo a ser registada.

De acordo com os dados preliminares do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2020, morreram mais 12.220 portugueses do que a média dos cinco anos anteriores. O maior excesso de mortalidade ocorre entre pessoas com 90 ou mais anos (mais 5.085 do que a média dos últimos cinco anos), num aumento de 22,5%, explica o Público.

Dadas as características do excesso de mortalidade, Ana Alexandre Fernandes, presidente da Associação Portuguesa de Demografia (APD), coloca a hipótese de haver “algum retrocesso” na esperança média de vida aos 65 anos. Também Maria João Valente Rosa, demógrafa e professora na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, considerou que 2020 “pode fazer andar para trás o relógio da esperança de vida”.

“A tendência [de aumento] que existia no passado, e que já era dada quase como certa, poderá não vir a acontecer”, disso. Isso será “fruto da mortalidade extremamente acentuada nas idades superiores”.

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