As medidas de restrição adotadas em Portugal para travar o crescimento da pandemia da Covid-19, entre as quais um confinamento geral e o encerramento das escolas, parecem começar a ter efeitos na desaceleração dos contágios — isto apesar do número de mortes diárias continuar muito elevado, acima de 200 por dia. Só durante as 24 horas desta sexta-feira morreram 214 pessoas.

Em sete dias, o número de casos ativos no país — isto é, de pessoas que são dadas como estando atualmente infetadas, excluindo-se daqui aquelas que já recuperaram e as que não resistiram à infeção — caiu de 179.939 para 148.359. Ou seja: numa semana, o número de pessoas dadas como estando clinicamente infetadas diminuiu em mais de 30 mil. Face às 24 horas anteriores, este último balanço identifica uma redução de 8.399 casos ativos.

A diminuição do número de casos ativos no país reflete a queda no número de infeções detetadas diariamente pelas autoridades. Até esta sexta-feira, o total de novos casos diariamente reportados esta semana era de metade do que se registou na anterior. E este sábado, a tendência manteve-se: o boletim divulgado pela DGS regista 6.132 novos casos, um pouco menos de metade do que se verificou no mesmo dia da semana passada (12.435).

Portugal regista agora um total de 13.954 vítimas mortais desde a chegada da pandemia ao país, em março. O número total de infeções detetadas pelas autoridades de saúde (com teste positivo) passou para 761.906.

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Menos 254 pessoas em hospitais: é o quinto dia consecutivo a cair

Às 0h deste sábado, estavam internadas em Portugal com Covid-19 6.158 pessoas, de acordo com o boletim divulgado pela DGS. Entre saídas dos hospitais e novas admissões hospitalares, são menos 254 do que as que estavam hospitalizadas 24 horas antes. Uma redução muito significativa, a maior de sempre em termos absolutos mas que não permite ainda (nem remotamente perto) voltar aos níveis de ocupação de hospitais anteriores à terceira vaga de contágios.

Também o número de pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos (UCI) teve uma variação benéfica, algo importante para começar a aliviar uma pressão no sistema de saúde que já obrigou o país a enviar pacientes para a Áustria. O último balanço aponta agora para 891 doentes em UCI, menos 13 face a 24 horas antes.

Há 24 horas,o boletim da DGS indicava que pela primeira vez tinha sido ultrapassado em Portugal o registo de 900 internados em UCI — ou seja, que nunca tínhamos tido tantos doentes com Covid-19 em cuidados intensivos. Em contraponto, a mesma atualização dava conta do quarto dia consecutivo com uma redução do número de internados em hospitais.

Este foi o quinto dia com uma diminuição no número de pessoas hospitalizadas em Portugal com Covid-19, mas apesar da redução de internamentos a (sobre)ocupação de camas de cuidados intensivos continua a níveis praticamente nunca vistos desde o início da pandemia.

Mais de 14 mil pessoas superaram a infeção nas últimas 24h

No boletim divulgado este sábado pela DGS, há ainda registo de mais de 14 mil pessoas dadas como clinicamente recuperadas da infeção nas últimas 24 horas. No total, há mais 14.317 recuperados — mais do dobro do número de novos infetados confirmado pelas autoridades.

O número, elevado, segue a tendência da última semana, na qual o número de infetados dados como clinicamente recuperados ao longo de ciclos de 24h disparou — desde segunda-feira, dia ao longo do qual foram contabilizadas mais de 17 mil pessoas recuperadas, o número tem-se mantido alto. Ao todo, já recuperaram da infeção desde o início da pandemia quase 600 mil pessoas (599.593).

Um problema chamado Lisboa e Vale do Tejo

A redução do número de contágios diários verificada seria ainda maior se as autoridades de saúde não se deparassem com um problema: a região de Lisboa e Vale do Tejo continua a destoar de outras regiões do país nesta terceira vaga e a desacelerar numa pista própria, mais lenta do que a das restantes regiões.

O boletim divulgado este sábado pela DGS, com dados apurados ao longo das 24 horas do dia anterior, indica que em LVT foram detetados pelas autoridades de saúde mais 3.356 casos confirmados de infeções — o equivalente a mais de 50% (aproximadamente 55%) da totalidade dos novos casos no país.

Este registo significa que Lisboa e Vale do Tejo continua a concentrar a maioria das novas infeções em território nacional. Já no dia anterior isso acontecera: dos quase 7 mil casos, 3.650 foram detetados em LVT. E há dois dias a região concentrava quase 4 mil (3.993) dos 7.914 novos casos do país.

No boletim divulgado este sábado pela DGS, referente ao período de 24 horas de sexta-feira, seguem-se a LVT nas regiões atualmente mais afetadas pela Covid-19 a região Norte, com 1.227 novas infeções confirmadas, a região Centro, com mais 960 casos, o Alentejo com 315 novas infeções detetadas, o Algarve com 147 casos novos e a Madeira e os Açores, respetivamente com 121 e 6 novas infeções.

Mortes: 99 em LVT, mais no Centro do que no Norte, 15 no Alentejo e 2 na Madeira

Das 214 pessoas que morreram ao longo de esta sexta-feira em Portugal, infetadas com o novo coronavírus, 99 eram da região de Lisboa e Vale do Tejo.

Entre as restantes vítimas mortais recém-confirmadas, 44 eram da região Norte, 48 da região Centro, 15 do Alentejo e 6 do Algarve. Na Madeira foram reportados mais dois óbitos. Nos Açores não há registo de mais vítimas mortais.

Morreu um bebé de sete meses. Tinha “múltiplas complicações congénitas”

Morreu em Portugal mais uma criança com menos de dez anos infetada com o novo coronavírus. Trata-se de um bebé de sete meses do sexo masculino que não resistiu à infeção e que tinha “múltiplas complicações congénitas”, ou seja, de nascença, indicou fonte da Direção-Geral da Saúde ao Observador.

O bebé morreu num hospital da região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo a mesma fonte. A DGS não dá mais detalhes para manter reserva de privacidade das vítimas.

Até aqui, abaixo dos 10 anos tinha morrido desde março uma criança do sexo feminino — uma bebé de quatro meses que nasceu com uma doença rara. Agora, há registo de mais uma vítima mortal com menos de dez anos, desta vez um bebé de sete meses do sexo masculino.

A doença rara que fez de uma bebé de quatro meses a vítima mais jovem da Covid-19 em Portugal

A maioria das restantes 213 mortes das últimas 24 horas são de pessoas de faixas etárias consideradas de risco acrescido (acima de 70 e sobretudo 80 anos). Regista-se ainda assim mais uma morte abaixo dos 40 anos — um homem com entre 30 e 39 —, cinco vítimas mortais na casa dos 40 (três homens e duas mulheres) e três mortes na casa dos 50 (todos eles homens).

O número de vítimas mortais começa a subir na casa dos 60 — mais 20 mortes, de 13 homens e 80 mulheres — e torna-se mais significativo a partir da faixa etária dos 70 aos 79 anos.