O Governo passou a reservar uma menor proporção de vacinas para a segunda a toma, adiantou Marta Temido na conferência de imprensa que se seguiu à reunião com a task force da vacinação contra a Covid-19. No início, guardava-se uma segunda dose para todas as pessoas que tivessem sido vacinadas com a primeira, mas a gestão é agora mais flexível, reservando cerca de um terço. o que permitirá vacinar mais pessoas, mas garantir um stock de reserva para o caso de uma entrega falhar. “É uma gestão de risco, um princípio de prudência”, disse a ministra.
Das três vacinas disponíveis, neste momento, em Portugal, a da Pfizer/BioNTech destina-se a estruturas residenciais para idosos e unidades de cuidados continuados, a da Moderna para profissionais de saúde e a da Oxford/AstraZeneca para profissionais dos serviços essenciais, disse Marta Temido.
A ministra da Saúde garante ainda que não tinha conhecimento do comunicado do Fórum Médico, que criticou a decisão de se avançar para a segunda fase do plano de vacinação quando quando apenas 30% dos médicos e 7% do setor privado e social estão vacinados contra a Covid-19.
Marta Temido adiantou que, segundo os dados disponíveis, há 120 mil profissionais de saúde vacinados e lembrou que só no setor público existem 146 mil profissionais, mas que não sabe quantos trabalham exclusivamente no setor privado ou social. A ministra da Saúde sublinha que há urgência em vacinar os grupos prioritários, mas que há falta de vacinas.
Ainda esta semana chegarão a Portugal mais 22.800 doses da vacina da Moderna, revelou a ministra, período em que deverão vacinados “19 mil profissionais de serviços não essenciais”. No primeiro trimestre Portugal prevê receber “1,9 milhões de doses de vacinas”.
Das 493.050 vacinas que Portugal recebeu até ao momento, até às 13 horas desta segunda-feira foram administradas 397.404, das quais “292 mil são primeiras inoculações” e “quase 105 mil segundas”.
Para esta semana está ainda previsto vacinar mais 120 mil pessoas, entre idosos, profissionais de saúde e a pessoas com mais de 80 anos ou entre os 50 e os 79 anos com comorbilidades associadas.
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Depois de ter iniciado a vacinação do segundo grupo em algumas cidades, Marta Temido anunciou que “todo o país está já a agendar e convocar pessoas para vacinação”.
Serão 957 mil as pessoas dentro do segundo grupo de prioritários a vacinar e os centros de vacinação estarão por todo o país. Segundo a ministra da Saúde, “amanhã [terça-feira] abrem mais 59 unidades” onde a vacinação deverá ocorrer. “O processo vai ser expandido ao longo das próximas semanas consoante a capacidade de vacinas”, apontou.
Marta Temido revela também que, neste momento, há 2.380 vacinas agendadas, tendo sido enviados 1.677 SMS, dos quais 902 pessoas responderam que aceitavam a data e hora marcada. Em relação aos portugueses sem médico de família Marta Temido acrescentou que foram já emitidas “4.140 declarações médicas”.
Para todos os portugueses acima de 50 anos com outras doenças ou mais de 80 anos haverá “um simulador onde poderá confirmar se está na lista”. Caso não esteja poderá contactar os serviços de saúde para ser incluído.
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“Cabe-nos garantir que toda a capacidade instalada no país é colocada à disposição da pandemia”, tanto no setor público, como no setor privado e social, disse Marta Temido, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião com a task force para a vacinação. Isso implica que as unidades de saúde tenham de se reinventar e reorganizar espaços, circuitos e as funções dos profissionais de saúde.
A ministra da Saúde garante que a posição do ministério é concordante com a posição da Comissão de Acompanhamento da Resposta Nacional em Medicina Intensiva para a Covid-19.
A primeira linha de resposta, disse Marta Temido, foi conseguir aumentar o número de camas nas unidades de saúde, depois considerar a transferência para unidades de saúde para outras regiões e até para a Madeira — estando em ponderação a possibilidade de transferências para os Açores. Além disso, países como a Áustria, Luxemburgo, e outros países da União Europeia, disponibilizaram-se para receber doentes portugueses.
“São hipóteses que consideramos com a maior atenção, mas por questões de estabilidade do próprio doente e de resposta em saúde junto do meio familiar, preferimos garantir o tratamento no nosso país e o mais possível junto de casa”, disse a ministra da Saúde.
As conversações entre Portugal e Espanha mantém-se, mas mais no sentido da disponibilidade da ajuda do que no estabelecimento concreto dessa ajuda.
Em relação à inclusão dos reformados no combate à pandemia, a ministra da Saúde diz que “todos os profissionais de saúde são bem vindos ao sistema nacional de saúde” para “ajudarem a responder”.
Critérios para a realização de testes podem ser alargados
Até ao momento, os testes a pessoas que contactaram com alguém positivo são realizados apenas aos contactos considerados de ‘alto risco’, mas o ministério da Saúde quer ver esse critério alargado.
“Neste momento, os testes são sobretudo preconizados para os contactos de alto risco e aquilo que pedimos que fosse avaliado tecnicamente era a possibilidade de o teste ser mais abrangente, independentemente do risco do contacto“, afirmou a governante na conferência de imprensa após a reunião, por videoconferência, com a task force para o plano nacional de vacinação contra a Covid-19.
Portugal atingiu em janeiro um máximo de testes, que chegou a ultrapassar “os 77 mil num determinado dia”, segundo a ministra da Saúde, que reiterou que a posição do ministério é a de que “não podemos deixar cair o número de testes”, mesmo perante um abrandamento da situação epidemiológica no país.
“Sabemos que um número elevado de testes é a melhor forma de garantir que mesmo com uma epidemia que parece estar a decrescer, nós continuamos a detetar o mais precocemente possível todos os casos”, frisou, sublinhando: “Temos de intensificar o esforço do lado da oferta para continuar precocemente a identificar muitos casos”.
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Por outro lado, Marta Temido assegurou que o país já está a responder de forma mais positiva ao nível dos inquéritos epidemiológicos, depois de uma parte significativa de doentes não ter sido alvo de contacto na pior fase da pandemia, em janeiro. E com o decréscimo do número de casos, a governante perspetivou mesmo “algum alívio” ao nível dos inquéritos epidemiológicos e do rastreio de contactos.
“Tem sido feito um esforço muito significativo ao nível das regiões para melhorar os tempos de resposta com a mobilização de modelos colaborativos de realização de inquéritos, ou seja, num primeiro contacto as pessoas podem ser contactadas por um profissional que está formado para o efeito, mas que depois passa o trabalho — se for necessário — a outro colega. Isso permitiu-nos melhorar bastante o nível de pendências”, explicou.
Marta Temido finalizou a conferência assinalando o “aumento da vacinação nas próximas semanas, e apontando que o “incremento na testagem, mesmo que a epidemia esteja a baixar”, e a melhor resposta possível aos doentes que precisam de cuidados de saúde, sem esquecer a recuperação das “respostas não Covid o quanto antes”.
Portugal registou esta segunda-feira 196 mortes relacionadas com a Covid-19 e 2.505 casos de infeção com o novo coronavírus, segundo a DGS. O boletim da DGS revela também que estão internadas 6.344 pessoas, mais 96 do que no domingo, das quais 877 em unidades de cuidados intensivos, ou seja, mais 12.