Os médicos criticaram esta segunda-feira em comunicado a decisão de avançar para a segunda fase do plano de vacinação — reservado a pessoas com mais de 65 anos sem patologias ou pessoas com 50 anos ou mais que tenham patologias associadas — quando apenas 30% dos médicos e 7% do setor privado e social estão vacinados contra a Covid-19.

O Fórum Médico, composto por nove instituições médicos (incluindo a Ordem dos Médicos), acusa o governo de avançar para a fase seguinte da vacinação como “estratégia ditada pela manipulação da perceção pública”.

Além disso, condenam a “gestão política do dossier da pandemia”, apontando até uma “incapacidade de antecipar as medidas necessárias e ao desaproveitamento dos intervalos entre as ‘ondas’ pandémicas para o reforço e preparação dos serviços”.

O Fórum Médico também nota que os atrasos na cobertura vacinal entre os profissionais de saúde representam uma “desproteção” para os médicos e “um risco acrescido de dificuldades no combate à pandemia”. O que, consideram, pode até comprometer o acesso a consultas, exames e cirurgias, ressalvam os médicos, o que estará a gerar uma “forte indignação”.

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“A vacinação dos profissionais de saúde (e posteriormente dos estudantes de medicina em fase de estágio clínico) é crítica para o controlo da pandemia e para a recuperação do nosso país, pelo que deve ser gerida e monitorizada de forma séria e transparente”, aponta a associação.

Os médicos também condenam que boa parte da atividade não-Covid-19 tenha sido suspensa de modo a que mais meios sejam alocados no combate à pandemia: “Todas as patologias e todas as especialidades importam. Para os médicos não há doenças, há doentes, e todas as vidas têm o mesmo valor”.

Na opinião destes profissionais de saúde, bastava que todos os meios de todos os recursos de saúde do país tivessem sido accionados atempadamente para prevenir essa necessidade. “Por cada cama alocada à Covid-19, apoiada numa estratégia de comunicação que anuncia uma elasticidade sem fim, sabemos que alguém com outra doença ficou de fora”, criticam.