O líder do PSD, Rui Rio, anunciou esta sexta-feira que o PSD vai propor adiamento das eleições autárquicas em dois meses. Rui Rio disse-se “cético” sobre se será possível vacinar 70% da população até final de agosto, de modo a existir uma possível imunidade de grupo, mas mesmo assim acha que isso será “manifestamente curto” para fazer uma campanha eleitoral minimamente normal, com o contacto com as pessoas que é essencial numas eleições autárquicas, muito mais do que por exemplo nas presidenciais.

Em conferência de imprensa sexta-feira, Rui Rio começou por lembrar que o Governo irá, previsivelmente, marcar as eleições para 22 de setembro e 14 de outubro. Porém, “nós tivemos a oportunidade de ouvir, esta semana, o almirante Gouveio e Melo a dizer que no fim de agosto, se tudo for cumprido, teremos alcançado a imunidade de grupo”. Ou seja, “estou cético“, mas “se tudo correr bem, se forem vacinadas 7 milhões de pessoas” e se o governo marcar para “20 e tal de setembro, significa que se poderá fazer campanha durante 20 dias”.

É “manifestamente curto que se tenha apenas 20 dias de completa normalidade para se fazer uma campanha eleitoral”, comenta Rui Rio, lembrando que “as autárquicas são diferentes das legislativas mas são muito diferentes das presidenciais, porque aí as televisões andavam atrás dos candidatos”. “Como é que numas eleições autárquicas se pode fazer campanha sem estar em contacto com as pessoas?”

E eu fui candidato na segunda cidade do país, agora imagine-se nas outras zonas do país.

Manter as eleições em setembro/outubro “obviamente serve quem está no poder. Não serve a democracia e os princípios constitucionais de igualdade no acesso porque quem está na oposição não pode passar a sua mensagem”.

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Ao contrário do que aconteceu nas presidenciais, onde Rui Rio diz que havia pessoas em cima da hora a pensar se se adiava ou não, agora pode fazer-se diferente. “Não precisamos de fazer à portuguesa. Devemos fazer a coisa bem planeada à distância. Estamos a sete meses, é o tempo de pensar se devemos ou não adiar as eleições”.

“A minha forma de trabalhar é planear as coisas, é pensar as coisas a tempo e horas”, diz Rui Rio, por isso ainda esta sexta-feira será apresentado um projeto-lei para propor adiamento das eleições por 60 dias. Ou seja, o Governo marcaria entre 22 de novembro e 14 de dezembro.

O líder do PSD também comentou que compreende o facto de não se fazerem planos para desconfinamento ou datas previsíveis porque “nós enquanto não atingirmos determinado de infetados por dia, enquanto não chegarmos a um número que seja tecnicamente definido, não podemos desconfinar”.

“Eu concordo, é algo aliás que já devia ter sido feito mas estamos todos a aprender, isso é verdade”, atirou.