Há um novo desafio viral que está a ser lançado nas redes sociais, na senda da imagem que deixou milhões de pessoas a tentar perceber se estavam a ver um vestido azul e preto ou, então, branco e dourado. Já foi há cinco anos que essa imagem viral correu mundo e a comunidade internauta parece ter encontrado mais um desafio cuja resposta, aparentemente simples, é tudo menos consensual.
“Quantas cores consegue ver?” é esta a pergunta que tem divido os utilizadores do Twitter. 3, 8, 11?
how many colors do you see pic.twitter.com/ABPWtMpLtV
— mari (@daylightlftv) February 1, 2021
A resposta não é consensual e, enquanto a comunidade científica não se dedica a resolver o enigma, a Science Alert especula sobre uma possível explicação para pessoas diferentes contarem cores diferentes – uma explicação que remonta ao século XIX.
A teoria em causa é do físico austríaco Ernst Mach, mais conhecido por ter dado nome a uma unidade de medida que estabelece a razão entre a velocidade de um objeto e a velocidade das ondas sonoras. Em 1865, Mach interessou-se por estudar uma ilusão ótica semelhante a esta: tonalidades do mesmo espectro de cor, mas ligeiramente contrastantes.
O teórico apercebeu-se de uma situação invulgar no olho, especificamente dentro do tecido fotossensível que constitui a retina, que ficou conhecida como “inibição lateral”. Isto ocorre quando duas células em contacto reagem de forma molecular, com uma célula inibindo a outra.
Para que perceba melhor este processo, imagine que a sua retina é uma tela de cinema, que captura a luz projetada através da pupila. Esta tela está equipada com células recetoras, que irão reagir sob a luz e enviar uma série de sinais para o cérebro. Mas se duas células enviarem dois sinais de cores muito semelhantes para o cérebro, este órgão assumirá que são da mesma tonalidade, porque recolhe a atalhos para simplificar o processo, não distinguindo as duas tonalidades muito próximas.
Na prática, o que acontece é que as células recetoras da retina do olho que recebem um estímulo maior inibem as células circundantes que recebem um estímulo menos intenso, porque a intensidade da luz faz com que haja uma resposta mais forte no que se refere à identificação das partes mais claras da imagem, em comparação com as partes mais escuras.
Embora a inibição lateral possa guiar-nos a uma resposta, isto não implica que não haja outros fatores para que alguns consigam ver mais cores que outros.