Os protestos populares contra o golpe de estado militar continuam em Myanmar (antiga Birmânia), apesar das numerosas detenções ordenadas pela Junta, no poder.

A mobilização contra o golpe de estado de 1 de fevereiro continuou logo pela manhã deste sábado (hora local), depois de na sexta-feira centenas de milhares de manifestantes terem saído à rua.

Mais de 350 políticos, representantes do Estado, ativistas e membros da sociedade civil, incluindo jornalistas, monges e estudantes, foram detidos desde o golpe de 1 de fevereiro, indicou o Conselho de Direitos Humanos da ONU numa sessão especial, destacando que o “uso da violência contra os manifestantes era inaceitável”.

Nesta reunião, o Conselho adotou uma resolução a condenar o golpe militar e a exigir a libertação imediata da conselheira de Estado, cargo equivalente a primeira-ministra, e ministra dos Negócios Estrangeiros birmanesa deposta Aung San Suu Kyi.

Entretanto, também na noite passada, comités de vigilância de cidadãos surgiram espontaneamente em todo país para monitorizar a vizinhança em caso de operações das autoridades para deter opositores, de acordo com a agência de notícias France-Presse.

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Um vídeo filmado num bairro de Rangum, a maior cidade e capital económica do país, mostrou muitos residentes a saírem à rua desafiando o recolher obrigatório, imposto ao início da noite, na sequência de relatos de uma rusga policial para deter dissidentes.

Em 1 de fevereiro, o exército prendeu Suu Kyi, o Presidente Win Myint e vários ministros e dirigentes do partido governamental, proclamando o estado de emergência e colocando no poder um grupo de generais.

A ONU, a UE, os Estados Unidos, o Japão, a China, a França e o Reino Unido foram algumas das vozes internacionais que criticaram de imediato o golpe promovido pelos militares em Myanmar.

Nos dias seguintes, sucessivos protestos contra os militares ocorreram em várias cidades birmanesas e a tensão nas ruas tem-se mantido, apesar de a Junta Militar birmanesa ter decretado a lei marcial.