A Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) acusa Israel de ter bloqueado a entrada de 2 mil doses de vacina contra a Covid-19 na Faixa de Gaza. As doses destinavam-se a profissionais de saúde que trabalham na linha da frente do combate à pandemia no enclave palestiniano controlado pelo Hamas.
De acordo com a ministra palestiniana da Saúde, Mai al-Kaila, a Autoridade Nacional Palestiniana tinha planeado o transporte de 2 mil doses da vacina russa Sputnik V entre a Cisjordânia (onde se situa a capital da Palestina) e a Faixa de Gaza, destinadas aos profissionais de saúde da região, onde vivem cerca de 2 milhões de pessoas.
Uma vez que os dois territórios que compõem a Palestina (Cisjordânia e Faixa de Gaza) não têm continuidade geográfica, o transporte das vacinas teve necessariamente de atravessar Israel — e terá sido aí a origem do bloqueio.
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“As autoridades da ocupação impediram a entrada“, disse a ministra palestiniana em comunicado, acrescentando que “as doses eram destinadas a profissionais médicos que trabalham nas unidades de cuidados intensivos alocados aos pacientes com Covid-19, bem como para os trabalhadores dos departamentos de emergência”.
Todavia, Israel nega ter recusado a travessia das vacinas. Ao jornal britânico The Guardian, uma fonte dos serviços de segurança israelitas confirmou que as autoridades palestinianas tinham feito um pedido a Israel para a viagem, mas que esse pedido ainda estava a ser analisado. Na segunda-feira, quando uma comitiva palestiniana se apresentou na passagem fronteiriça para sair da Cisjordânia com as vacinas, as autoridades israelitas não permitiram a passagem, já que a autorização ainda não tinha sido emitida.
Israel é neste momento o país do mundo com maior percentagem da população vacinada, já tendo sido administradas 76 doses de vacina por cada 100 cidadãos. Todavia, o país deixou a Palestina de fora das contas e só depois de grande pressão internacional aceitou entregar 5 mil doses de vacina à Autoridade Nacional Palestiniana, destinadas aos profissionais de saúde. As autoridades da Palestina adquiriram também um grande número de doses da vacina russa Sputnik V.
Israel tem argumentado que os acordos de paz que regem as tensas relações entre os territórios deixam claro que é a ANP que tem responsabilidade sobre os cuidados de saúde da população — uma posição que não tem sido bem aceite por grupos internacionais de defesa dos direitos humanos.
O parlamento israelita também debateu na segunda-feira a possibilidade de condicionar a entrega das vacinas na Faixa de Gaza à libertação de prisioneiros israelitas mantidos em cativeiro pelo Hamas.