Pablo Rivadulla Duró, também conhecido por Pablo Hasél, preso pelos Mossos d’Esquadra após se ter barricado na Universidade de Lleida, foi transferido para o estabelecimento prisional de Ponent. A advogada, Alejandra Matamoros, em entrevista à estação de televisão catalã CMMA, veio revelar mais detalhes sobre a prisão do rapper. Avançou que está integrado no coletivo de “presos antifascistas” e que se recusa a compartilhar cela: “Não sabemos que tipo de recluso é que vão colocar lá”.
A advogada fala mesmo em “linhas vermelhas” estabelecidas por Pablo Hasél. Esta segunda-feira, o rapper está sozinho numa cela, o que terá sido acordado com a polícia, mas recentemente Alejandra Matamoros terá sido informada que pretendem que partilhe o espaço com outra pessoa. “Não há as mínimas condições dignas de vida. Ele não quer compartilhar cela, porque elas são minúsculas, as condições são muito más”, explica a advogada.
Segundo o relato de Alejandra Matamoros, para Pablo Hasél ficar sozinho numa cela, o rapper terá de colaborar nos “trabalhos de limpeza além da sua cela”, o que rejeita fazer. E também se recusa a limpar os espaços comuns da cadeia e também a realizar tarefas como “servir jantar, limpar outros espaços”. “São trabalhos que os outros presos fazem para aceder a benefícios penitenciários”, explica a advogada, que deixa bem claro: “É uma das linhas vermelhas que tem o coletivo antifascistas. Eles não colaboram com a manutenção da prisão”.
A advogada considera que é a pressão política que o governo espanhol faz que está por detrás desta mudança de decisão da direção do estabelecimento prisional. E também lembra que existia uma “norma não escrita” para reclusos antifascistas que estabelece que deveriam ser colocados em celas sozinhos. “Este direito conseguiu-se ganhar nos anos 80 à base de muitas greves de fome muito duras”, argumenta Alejandra Matamoros.
Questionada sobre como é que Pablo Hasél reagiu ao que aconteceu na noite de 16 de fevereiro, em que a polícia entrou pela Universidade de Lleida para o prender após ter estado barricado durante algumas horas, Alejandra Matamoros disse que “foi uma agitação constante” e “a noite foi tensa”. “Foi uma jornada intensa, de muitas entrevistas, de muitos meios de comunicação não só nacionais a cobrirem o assunto”, disse, acrescentando que o rapper vivenciou esta experiência “com muita raiva, como todas as pessoas”.
Alejandra Matamoros aproveitou ainda para lançar críticas a “grande parte dos meios de comunicação”, que estão a “esmerar-se por intoxicar o motivo pelo qual Pablo Hasél entrou na prisão”. E argumenta: “Dizem que não foi por motivos de liberdade de expressão, mas sim porque tinha antecedentes prévios. É falso. Pode ver-se na sua folha de antecedentes penais”. Ainda assim, admite que houve outra condenação, mas “pelos mesmos motivos”, ou seja por motivos relacionados com a “liberdade de expressão”.
Pablo Hasél foi condenado a nove meses de prisão por, segundo a acusação, insultar as forças de ordem espanholas, glorificar o terrorismo e injuriar a monarquia. Os factos pelos quais o ‘rapper’ foi condenado remontam a 2014 e 2016, quando publicou uma canção no YouTube e dezenas de mensagens no Twitter, acusando as forças de ordem espanholas de tortura e de homicídios.