De volta à corrida. Carlos Moedas será candidato autárquico do PSD à Câmara Municipal de Lisboa. A direção do partido não desistiu do antigo comissário europeu e a pressão aumentou nas últimas semanas e dias. O ex-comissário foi convencido e vai mesmo enfrentar Fernando Medina em Lisboa, confirmou o Observador junto do núcleo duro de Rui Rio.

Em janeiro, o Observador escreveu que o atual administrador executivo da Fundação Gulbenkian não seria candidato à Câmara. Moedas estava apostado em manter o projeto que abraçou com empenho depois de cinco anos na Europa, e uma candidatura neste momento não entraria nos planos do social-democrata.

Desde aí, no entanto, a pressão não diminuiu. Antes pelo contrário. De janeiro a esta parte, a insistência da direção do PSD sensibilizou Carlos Moedas, que decidiu, assim, deixar a Gulbenkian.

Em janeiro, o dilema era este: a decisão de avançar para Lisboa teria um grande custo pessoal para o antigo comissário que está apostado em fazer um caminho paralelo à política.

Por outro lado, o ex-secretário de Estado de Pedro Passos Coelho não se queria pôr fora da política, nem ser visto como uma carta fora do baralho no partido.

Acabou por prevalecer a segunda hipótese, antes considerada altamente improvável. O antigo comissário europeu decidiu que este era o melhor momento para aceitar o desafio de tentar bater Fernando Medina em Lisboa.

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Até ao final da tarde, não tinha surgido qualquer convite formal. O sim chegou há instantes, durante a reunião entre Carlos Moedas e a direção do partido. O Observador sabe ainda que Rui Rio e Francisco Rodrigues dos Santos já falaram e que o líder do CDS não colocou qualquer obstáculo à escolha de Carlos Moedas. E Rio tem menos um problema para resolver.

“Desde o início que achei que a melhor opção era Carlos Moedas”

No final da reunião entre os dois, Rui Rio deixou claro que era a “obrigação” do partido de escolher o nome mais forte para enfrentar Fernando Medina.

“Tínhamos a obrigação de apresentar uma candidatura forte para eles [lisboetas] poderem escolher. Foi isso que andámos à procura todo este tempo. Desde o início que achei que a melhor opção era Carlos Moedas”, reconheceu Rui Rio.

Numa declaração sem direito a perguntas, a partir da sede do partido, Rio notou que a decisão de Carlos Moedas era “de vida” e que portanto o ex-comissário teve de fazer a natural “ponderação”.

Nos próximos dias, o presidente do PSD comprometeu-se a apresentar mais 100 candidatos às próximas autárquicas agendadas para 2021.

CDS elogia nome sólido

Numa nota enviada às redações, o CDS elogia a escolha, um nome “forte que reuniu sólido consenso”.

“É uma boa notícia para Lisboa e constitui o primeiro passo para que haja uma coligação de centro-direita para a capital que, naturalmente, carece de ser aprofundada pelas direções dos dois partidos”, sublinha ainda Francisco Rodrigues dos Santos.