As Forças Armadas já trataram “mais de mil doentes” do Serviço Nacional de Saúde desde o início da epidemia de Covid-19 disse à Lusa fonte oficial do Estado-Maior General das Forças Armadas (EMGFA). Fonte oficial disse à Lusa que, só nos polos do HFAR da capital e da Cidade Invicta, já foram tratados 1.050 doentes Covid-19, desde há cerca de um ano.
Além de receber doentes do SNS nas suas instituições hospitalares, as Forças Armadas fizeram “mais de 188 mil inquéritos epidemiológicos“, revelou esta terça-feira o EMGFA, almirante António Silva Ribeiro, ouvido esta terça-feira por videoconferência pela comissão parlamentar Eventual para o Acompanhamento da Aplicação das Medidas de Resposta à Pandemia da Doença Covid-19.
Da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) temos tido vários pedidos, de camas, voluntários, transportes, infraestruturas, formação, desinfeção, hospitalizações. Em 325 pedidos, já satisfizemos 323. Os dois em falta são cedências de espaço para vacinação e distribuição de bens”, disse.
O responsável referiu também as “ações de sensibilização e formação” solicitadas pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social (MTSSS) para 2.772 lares, adiantando que 2.176 já foram executadas, assim como as sessões virtuais de formação, num total de “70 para 32 entidades”, abrangendo “574 pessoas, através da Direção de Saúde Militar.
Sobre doentes do SNS, no Hospital das Forças Armadas (HFAR), tínhamos 96 camas de internamento e cinco de cuidados intensivos, no pólo de Lisboa. Aumentámos mais 147 camas de internamento e mais 10 de cuidados intensivos, só para Covid-19. No Porto, havia 74 camas. Há mais 57 e já lá foram tratados 431 doentes do SNS”, continuou o CEMGFA.
Os deputados Ana Miguel dos Santos (PSD), Lara Martinho (PS), António Filipe (PCP), João Vasconcelos (BE) e Ana Rita Bessa (CDS-PP) elogiaram o apoio militar na atual crise sanitária e em geral, mais do que colocarem questões ou dúvidas.
Além dos dois polos do HFAR, também estão em funcionamento 12 centros de acolhimento Covid-19, de norte a sul e nas ilhas, como na Base Aérea de Beja, na Base Naval de Lisboa (Alfeite), ou no antigo Hospital Militar de Belém, entre outros locais, totalizando 774 camas por onde já passaram 448 doentes. “Temos também 43 equipas, com 803 militares, a realizarem os inquéritos epidemiológicos. Já fizemos mais 188 mil, que implicaram 334 mil contactos”, afirmou Silva Ribeiro.
O CEMGFA destacou o Comando Conjunto para as Operações Militares, que funciona 24 horas por dia, em Oeiras, e onde está instalado o coordenador do Plano Nacional de Vacinação Contra a Covid-19, vice-almirante Gouveia e Melo, e pessoal de apoio (sete efetivos) e, desde 03 de fevereiro, o Estado-Maior da Força de Reação Imediata (20 elementos), em ligação com “o conjunto de células da Proteção Civil: Centro Permanente de Crise, Centro Logístico Conjunto e Centro de Controlo de Movimentos”, para “garantir coordenação e harmonia”.
A nossa estratégia foi concebida em fevereiro de 2020, com três vetores essenciais: prevenir infeções internamente nas FA (medidas preventivas e de controlo de surtos), preservar a capacidade de resposta das FA (trabalho e formação à distância e redução de treinos e exercícios) e disponibilizar as capacidades disponíveis ao SNS, Proteção Civil e MTSSS”, declarou.
O CEMGFA garantiu que, “ao mesmo tempo, mantiveram-se os meios necessários para cumprir as missões essências em território nacional (busca e salvamento e apoios aéreo médicos) e também das Forças Nacionais Destacadas (FND)”, em missões no estrangeiro.
Silva Ribeiro disse ainda que, de momento, já só há 613 indisponíveis devido à Covid-19, nos três ramos das FA, incluindo as FND, em linha com a diminuição de infeções que se tem vindo a verificar no país. “Até ontem (segunda-feira), houve já 2.200 militares vacinados e, esta semana, vai haver mais 1.500”, garantiu, confirmando também que houve cerca de 80 militares infetados na República Centro-Africana (RCA).