No antigo campo de tiro de Monsanto, em Lisboa, Presidente e Governo juntaram-se num Conselho de Ministros exclusivamente dedicado às florestas, com Marcelo como convidado especial nos últimos dias do seu primeiro mandato, naquilo que o próprio considera “uma boa tradição”. “A solidariedade é institucional mas também é estratégica”, afirmou, no final da reunião, o Presidente retomando uma expressão que usou na última mensagem ao país e aplicando aos temas que foram usados na reunião: incêndios, pandemia e Presidência da União Europeia. “É fundamental para o país que haja uma solidariedade estratégica”. Em resposta deu-lhe um bonsai, uma “árvore numa bandeja”, na tradução literal do japonês, produto de um cultivo confinado e de… muita paciência. Como a relação com Marcelo II em Belém?

No final da declaração conjunta à comunicação social, o primeiro-ministro mandou vir o presente do Governo para Marcelo. “Como símbolo desta perenidade e perseverança que temos de ter neste combate” aos fogos (mas não só),  o Presidente recebeu um bonsai (“quercus nacional já centenária”, explicou Costa): “Senhor Presidente, nas suas mãos, a floresta portuguesa”. É, explicou o primeiro-ministro “um exemplo da floresta” que é preciso que “dure para além das nossas próprias existências, quer nas funções políticas, quer na própria vida. Não me querendo tornar num pessimista, mas receio que sim”, atirou o primeiro-ministro.

O Conselho de Ministros do convidado especial tinha sido dedicado à floresta — afinal, Costa lembrou que foram os incêndios o principal caso deste primeiro mandato de Marcelo em Belém — mas quando no arranque desta declaração Marcelo Rebelo de Sousa falou na necessidade de “solidariedade institucional”, aplicou-a a outros temas “tratados como pontos prévios” a esta reunião, onde incluiu a pandemia. Afinal o Governo está precisamente a uma semana de apresentar o plano de desconfinamento que Marcelo tem reclamado para ontem. Ainda não foi desta, em que tudo o que recebeu foi uma árvore que cresce… em confinamento.

Já em matéria florestal, o Presidente lembrou os incêndios de 2017 e à importância dada ao que se passou logo a seguir: “Trabalhar o contexto, combater os incêndios, mas prevenir os incêndios (…) A estratégia, nessa altura, envolveu “todos os ministérios, a administração central, local, as populações, todo o país”. Neste Conselho de Ministros foi “apreciada uma estratégia nacional que visa prevenir muito mais do que combater os fogos florestais, mas intervir no que é decisivo para que eles existam”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Não há nada como prevenir para não ter de remediar“, defendeu o Presidente que considerou que nesta reunião “se juntaram órgãos de soberania, mas simbolicamente todos os portugueses porque esta é uma causa nacional”.

António Costa diz que esta participação no Conselho de Ministros  serve para”sinalizar a excelente cooperação institucional” entre Governo e Presidente “e também a solidariedade estratégia que sobre a necessidade de intervir sobre a floresta”. O que de “mais importante foi aprovado” foram os instrumentos relativos ao ordenamento do território, da paisagem, da gestão integrada do espaço rural e das valências da proteção civil preventiva e a preparação dos que são chamados a combater os fogos, detalhou Costa.

“Sabemos bem que estes são processos longos e que o maior risco que o país pode correr é que cada vez que temos sucesso nos incêndios é ir desmobilizando na determinação que tem de haver para a transformação de fundo”. E diz mesmo que em 2017 o país “pagou com preço brutal, em vidas humanas, toda a reforma da floresta que ficou para fazer”. O primeiro-ministro sublinha ainda que desde 2017 até agora diminuíram para metade o número de incêndios e área ardida.

O Governo explicou o objetivo do convite feito a Marcelo com a vontade de “realçar as boas relações entre os dois órgãos de soberania e o espírito de cooperação institucional que existe entre ambos”. Em 2016, quando Cavaco Silva estava a terminar os seus dias em Belém, o primeiro-ministro António Costa também o convidou para presidir ao último Conselho de Ministros durante a vigência do seu mandato e foi dedicado ao Mar.