O banco Santander Totta terminou 2020 com 5.980 colaboradores, menos 208 do que no ano anterior, e um total de 443 agências, menos 62 face a 2019, informou esta sexta-feira a instituição.

Num comunicado relativo aos resultados de 2020, o Santander Totta reporta um total de 5.980 colaboradores em Portugal no final do exercício, que compara com 6.188 em 2019, e uma rede de 443 agências no país, face às 505 de que dispunha no ano anterior.

Numa carta enviada aos colaboradores no passado dia 25 de janeiro, e que a agência Lusa teve acesso, o Santander justifica o encerramento das cerca de seis dezenas de balcões em 2020 e o fecho previsto de mais cerca de 30 este trimestre com uma adaptação ao modelo de negócio que diz obrigatória para sobreviver.

A Comissão Executiva, que assina a carta, começa por justificar o envio da nota “face a notícias recentes que envolvem o banco”, numa alusão aos apelos dos sindicatos para que suspenda o processo em curso dado o agravamento da pandemia, e que, em 19 de janeiro, já a tinha levado a esclarecer não vigorar “qualquer processo de rescisões por mútuo acordo”, mas sim propostas de pré-reforma ou da revogação de contratos de trabalho.

O Banco Santander é reconhecido desde há vários anos como o mais sólido banco de Portugal. Nos últimos cinco anos, integrámos o Banif e o Banco Popular, o que provocou uma sobreposição de balcões e de serviços, quer na rede comercial, quer nos serviços centrais”, lembra de seguida.

Para além destas integrações, o banco diz que tem concentrado “os esforços e investimento em acompanhar a era da digitalização” que se vive, “com uma redução progressiva de balcões, redefinição funcional de outros, e a automação crescente de processos e funções ao nível dos serviços centrais”.

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Ao mesmo tempo “tem adaptado” o modelo de negócio “a novas variantes da atividade bancária e às diferentes exigências e níveis de concorrência”, sublinhando tratar-se de um contexto de transformação “obrigatório para todos os bancos que queiram sobreviver no futuro, especialmente no contexto de forte compressão de receitas” que se vive e “tendo presente o aumento da concorrência com a entrada de novos agentes (‘Fintech’s e ‘BigTechs’) e a alteração radical do comportamento dos clientes” bancários.

O Santander adiciona a estas explicações “as atuais exigências dos clientes” com os serviços digitais e níveis de disponibilidade permanentes dos serviços bancários. E é neste quadro que o banco, reafirma, que tem vindo a fazer “desde há vários anos”, propostas de “acordos de saída (reforma ou revogação de contrato) a muitos colaboradores dos serviços centrais e da área comercial, diretivos e não diretivos”.

Um fenómeno que, reforça, é “comum a todo o setor bancário”. O grupo, tal como os “internacionais, tem vindo a concretizar a transformação do modelo de negócio nos países europeus em que opera”, nomeadamente “com redimensionamentos” nas suas filiais de Espanha, Polónia, Portugal e Reino Unido.

A Comissão Executiva admite que este ajustamento vai continuar durante 2021, “em linha com o encerramento de balcões e redimensionamento de serviços centrais”. E é neste contexto que diz que procurará que as saídas de colaboradores “sejam feitas de comum acordo”, “privilegiará sempre que possível as aceitações voluntárias a processos unilaterais e formais”, tendo “sempre em consideração o contexto individual de cada colaborador e o contexto coletivo dos tempos atuais”.

Os sindicatos dizem, contudo, que o que está em curso é um “processo unilateral de reestruturação” e exigem a “imediata suspensão de todos os processos de rescisão por mútuo acordo e de encerramento de balcões e serviços durante a pandemia”. As estruturas representativas dos trabalhadores falam num clima de “pressão que pode, em certas circunstâncias, configurar assédio (o que é proibido por lei)” e reclamam a abertura de um programa de candidaturas de adesão livre a reformas antecipadas, pré-reformas e rescisões por mútuo acordo, “com condições objetivas e publicamente conhecidas pelos trabalhadores”.

Banco abre dois planos de adesão voluntária para a saída de colaboradores

O banco vai abrir dois planos de adesão voluntária, um que abrange a saída de colaboradores com mais de 55 anos e outro no âmbito do redimensionamento de balcões, de acordo com uma nota interna.

“A atual fase de transformação do banco tem vindo a implicar a apresentação a diversos colaboradores de propostas de reforma e/ou de acordos de revogação do contrato de trabalho (“RMA”), em que o banco apresenta as melhores condições do setor, e assegura simultaneamente uma rede de acompanhamento futuro, incluindo assessoria à recolocação profissional, apoio social e cuidados de saúde”, indicou a Comissão Executiva da instituição numa mensagem enviada aos trabalhadores, a que a Lusa teve acesso.

A instituição “procurará que as saídas de colaboradores sejam feitas de comum acordo, e privilegiará, sempre que possível, as aceitações voluntárias a processos unilaterais e formais”, referem, acrescentando que “não deixa também de ter em conta os seus parceiros sociais, em particular os sindicatos e as estruturas representativas de trabalhadores, para procurar encontrar a todo o momento as soluções que melhores garantias apresentem para os colaboradores”.

Assim, o Santander vai lançar, a partir de 8 de março, “um plano de adesão voluntária dirigido a todos os colaboradores do banco que, até ao final do ano, tenham 55 ou mais anos de idade”, independentemente “de estarem integrados na rede comercial ou nos serviços centrais, e consiste na apresentação de uma proposta de reforma e/ou de RMA por parte do banco”.

Esta proposta “depende da situação concreta de cada colaborador, em termos de idade, antiguidade, banco de origem e situação perante a Segurança Social”, sendo que “qualquer colaborador elegível poderá também desde logo candidatar-se a este plano”, referiu o Santander, detalhando ainda que o plano tem a duração de três meses.

Quando ao plano de adesão voluntária para o redimensionamento da rede de balcões, o Santander recordou que “tem vindo a implementar o redimensionamento parcial da sua rede de balcões, através de fusões e alteração do ‘layout’ de diversos balcões, o que tem provocado uma redundância inevitável de postos de trabalho, que levou o banco a desencadear contactos com os titulares daqueles postos de trabalho”.

Ainda assim, “subsistem situações de colaboradores naquelas condições com os quais não foi ainda possível chegar a acordo, tendo o banco decidido apresentar-lhes um derradeiro plano consensual”, lê-se na mesma nota.

Na mesma nota, o Santander refere que “nas próximas semanas (de 8 a 26 de março), o banco permitirá a título excecional que os colaboradores que receberam propostas de saída do banco desde setembro de 2020 e até esta data possam vir ainda a aceitar a proposta que lhes foi feita, nas mesmas condições da proposta original”.

A instituição permite ainda que, no que diz respeito aos balcões objeto de fusão ou de alteração de ‘layout’ desde setembro de 2020, os restantes trabalhadores, “que tenham menos de 55 anos e não foram objeto de qualquer proposta por parte do banco, poderão igualmente manifestar a sua intenção de negociação de acordos de rescisão, de 29 de março até 9 de abril”.