O ministro da Educação timorense disse nesta segunda-feira estar comprometido com a chegada ao país de um voo de Lisboa que, entre outros passageiros, transportará mais de 100 professores portuguesas para escolas timorenses.

“Já coordenei com a ministra dos Negócios Estrangeiros e estamos comprometidos que esse voo aconteça”, na próxima semana, disse Armindo Maia, em declarações à Lusa, acrescento que não haverá “nenhum problema com a realização do voo”.

Depois de o governo ter decretado a aplicação, a partir de terça-feira, de uma cerca sanitária e confinamento obrigatório em Díli (capital de Timor-Leste), surgiram dúvidas sobre a realização do voo.

Também a ministra dos Negócios Estrangeiros timorense, Adaljiza Magno, disse à Lusa que “da parte do Ministério não há qualquer problema” com a realização do voo, frisando, porém que é necessária a autorização final do Ministério dos Transportes e do Ministério do Interior. Fonte do gabinete do vice-ministro do Interior confirmou à Lusa que, da sua parte do Ministério, foi já “autorizada a abertura do posto de fronteira para permitir a realização deste voo”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

A Lusa procurou nesta segunda-feira clarificação junto do gabinete do ministro dos Transportes timorense, José Agustinho da Silva, sobre o estado do voo, não tendo obtido até agora qualquer comentário.

Em causa está um voo previsto da EuroAtlantic Airways (EAA), que deve partir de Lisboa no próximo dia 14 de março e que tem pelo menos 250 reservas marcadas, incluindo 108 professores para os Centros de Aprendizagem e Formação Escolar (CAFE), um projeto luso-timorense para a requalificação do ensino timorense em língua portuguesa.

Este grupo de professores, a maioria dos quais renovaram contrato, vão juntar-se, depois de cumprirem 14 dias de quarentena, a 33 que já estão em Timor-Leste a trabalhar nos CAFE.

O projeto, um dos mais importantes de sempre desenvolvidos por Portugal de apoio ao setor educativo timorense, envolve, além dos docentes portugueses, um total de 152 professores timorenses, e conta já com 9.900 alunos do pré-escolar ao 12.º.

Os CAFE funcionam em todos os municípios e ainda no enclave de Oecusse-Ambeno (um dos 13 distritos administrativos de Timor-Leste).

Tradicionalmente marcado por atrasos na chegada dos docentes, o projeto foi particularmente afetado devido à pandemia da Covid-19, em particular depois de um grupo de 88 dos 138 docentes que estavam em Timor-Leste ter optado, em abril de 2020, por regressar a Lisboa num voo de repatriamento, que ocorreu praticamente no início da pandemia.

A concretizar-se, o voo da EAA será o quarto operado pela empresa entre Lisboa e Díli desde o início da pandemia, e o primeiro este ano.

Timor-Leste tem atualmente 29 casos ativos da Covid-19, com a capital de Díli a entrar às 00:00 de terça-feira, hora local (15:00 desta segunda-feira em Lisboa) em confinamento obrigatório e cerca sanitária durante pelo menos uma semana.

A medida foi nesta segunda-feira aprovada em Conselho de Ministros depois das autoridades de saúde terem detetado três casos, dois na zona de Madohi, próximo de Tasi Tolu, na saída ocidental da capital, e um no bairro de Bebonuk, os primeiros possíveis casos de transmissão comunitária desde o início da pandemia, há um ano.

Há ainda em vigor uma cerca sanitária no município fronteiriço de Covalima onde foram detetados dois surtos de transmissão local em aldeias próximos da vizinha Indonésia.