A época da gripe sazonal foi residual, não só em Portugal como na generalidade dos países do mundo que, normalmente, enfrentam picos de internamentos e mortes relacionadas com os vírus influenza. São boas notícias, mas os especialistas no Reino Unido receiam que se possam vir a tornar em más no próximo inverno pela perda de imunidade contra os vírus respiratórios mais comuns, noticia o jornal The Guardian.

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Carlos Robalo Cordeiro, diretor do serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, confirma que este ano se assistiu a poucos casos de gripe sazonal e das pneumonias que, geralmente, aparecem associadas a estes vírus — por outro lado, foram frequentes as pneumonias nos doentes internados com Covid-19.

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É normal que se verifique uma “redução da imunidade contra vírus sazonais [no próximo inverno] porque houve um menor contacto com esses vírus nesta época”, diz o pneumologista ao Observador. As medidas implementadas para a prevenção da transmissão do coronavírus SARS-CoV-2 tiveram impacto no contágio de outros vírus — o que, note-se, são boas notícias.

Por outro lado, o médico também elogia o facto de termos tido tão boa adesão à campanha de vacinação contra a gripe. Entre os idosos com mais de 70 anos, mais de 70% foram vacinados, diz o pneumologista. “E houve uma percentagem importante de profissionais de saúde que se vacinaram. O que é importante”, reforça. Para o próximo ano, deixa um conselho: “É bom que não faltem vacinas”.

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Os rinovírus e outros vírus que provocam as normais constipações e os vírus que provocam a gripe transmitem-se por via aérea ou por contacto com superfícies contaminadas (quando levamos as mãos à boca ou aos olhos, por exemplo). Usar máscara, manter o distanciamento físico, tossir ou espirrar para o cotovelo e desinfetar as mãos e superfícies são medidas que preveniram a transmissão dos vários vírus e que podem continuar a ser implementadas no futuro. Sobretudo no pico da época gripal, diz o pneumologista.

“É verdade que todos estes cuidados tornaram residual a transmissão de outros vírus respiratórios. O que faz pensar que, no pico das próximas épocas gripais, as pessoas infetadas e os mais vulneráveis possam usar máscara”, exemplifica Carlos Robalo Cordeiro.

Além da perda de imunidade contra os vírus mais comuns, Carlos Robalo Cordeiro está preocupado com a dificuldade que haverá na preparação da vacina da gripe para o próximo inverno. A vacina é composta, normalmente, pelas quatro estirpes mais comuns do inverno que terminou, mas com tão pouco atividade dos vírus influenza em 2020, torna-se mais difícil perceber quais foram os mais frequentes.

“A boa notícia é que está em desenvolvimento uma vacina que tem uma cobertura alargada, com uma maior eficácia”, diz o médico. E, se tudo correr bem, poderá estar em uso já este ano, na próxima época gripal. Basicamente, é uma vacina da gripe semelhante à que já existe, mas com uma dose maior, importante para as pessoas mais velhas, cujo sistema imunitário tem mais dificuldade em dar uma resposta eficaz no combate aos vírus.

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O próximo inverno começa a preparar-se quando o inverno anterior ainda não terminou. Primeiro, identificando as estirpes mais relevantes do vírus da gripe. Segundo, fabricando vacinas suficientes para o mundo inteiro — e, para isso, os países devem encomendar as doses necessárias atempadamente. Depois, garantindo que “os doentes crónicos tenham a doença estabilizada, com a devida medicação”, diz o médico.

O resto são medidas que cada pessoa pode tomar por si: fazer uma alimentação saudável e equilibrada, com alimentos frescos; manter a atividade física — que não quer dizer necessariamente esforço físico intenso, mas é importante que não fique inativo, aconselha o médico; reduzir o consumo de álcool e não fumar. “É um conselho para toda a população: manter um estilo de vida saudável“, diz Carlos Robalo Cordeiro.

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