895kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Apenas 5% das empresas planeiam contratar até junho. Setor da restauração e hotelaria é o mais pessimista

Este artigo tem mais de 3 anos

É o valor mais baixo em dois anos de Employment Outlook Survey: só 5% das empresas prevêem contratar entre abril e junho. Criação líquida de emprego volta ao vermelho após dois trimestres positivos.

i

JOÃO SARAMAGO/OBSERVADOR

JOÃO SARAMAGO/OBSERVADOR

Nem as perspetivas de desconfinamento pré-verão, com uma consequente reabertura da economia, nem as promessas de aceleração da vacinação parecem dar grande confiança aos empresários de que é hora de aumentar os postos de trabalho. De tal forma que apenas 5% das empresas planeiam contratar entre abril e junho, o valor mais baixo desde que, há dois anos, a ManpowerGroup começou a realizar o Employment Outlook Survey. Sem grandes surpresas, o setor da restauração e da hotelaria continua a ser o mais afetado, embora já mostre alguns sinais de recuperação.

Os números gerais do relatório, divulgado esta terça-feira e a que o Observador teve acesso, revelam a degradação da confiança dos empresários, pelo menos no curto prazo. Como são mais os empregadores a pensar reduzir o número de trabalhadores (6%) do que a aumentar (5%), a criação líquida de emprego estimada, nos próximos três meses, é negativa (-1%). Esta estimativa volta, desta forma, ao vermelho depois de dois trimestre positivos. Ainda assim, permanece acima dos 9% negativos registados no verão de 2020. Já 81% dos inquiridos preveem manter o nível de emprego e 8% ainda não decidiram.

É “a incerteza do momento”, numa altura em que ainda não é conhecido o plano de desconfinamento, que está a moldar as perspetivas dos empresários, acredita Rui Teixeira, chefe de operações da ManpowerGroup Portugal. Ao Observador, o responsável da empresa de gestão de recursos humanos refere que uma eventual aceleração do emprego deverá agora depender da efetiva aceleração da vacinação, da abertura de fronteiras, da mobilidade e do regresso dos turistas. Mas há “realidades muito distintas” quando se destrinça o impacto da pandemia na contratação dos vários setores.

11% dos restaurantes e hotéis preveem despedir

De um lado estão as atividades que não podem ser feitas em teletrabalho, como a restauração e a hotelaria, precisamente o setor mais pessimista quanto à contratação nos próximos três meses. Apenas 5% dos empregadores no setor preveem contratar até junho e há 11% que até pensa reduzir o número de trabalhadores (um número, ainda assim, distante dos 38% registados no terceiro trimestre de 2020). O balanço dá, assim, uma criação líquida de emprego de -6%. Apesar de negativo, o número é uma melhoria de 10 pontos percentuais face ao trimestre anterior, mas um declínio de 27 pontos percentuais face a período homólogo (um valor que ainda não refletia o efeito da pandemia, já que as entrevistas tinham ocorrido em janeiro e fevereiro, quando a Covid-19 não tinha chegado a Portugal nem tinha sido declarada como pandemia pela OMS).

Número de desempregados inscritos nos centros de emprego não era tão alto desde maio de 2017

“Este setor junta o pior dos dois mundos” — a impossibilidade de os trabalhadores exercerem o trabalho presencialmente, mas também a inexistência de procura, com o fecho das fronteiras e as restrições à mobilidade, diz Rui Teixeira. Além disso, o chamado canal Horeca (hotéis, restaurantes e cafés) “tem uma forte incidência de pequenas e médias empresas”, que são o grosso do tecido empresarial português e onde “mais se verifica a incerteza ou a intenção de não recrutar, ou de o fazer apenas no espaço de um ano”.

Em sentido inverso estão aquelas atividades que não requerem a presença física, com destaque para as “finanças e serviços”, onde os empresários estimam uma criação líquida de emprego em 5%. Rui Teixeira fala, por isso, numa “recuperação em K”, em que uns setores saem vencedores e outros vencidos. “Há áreas que, provavelmente, vão acelerar cada vez mais. Tudo o que esteja associado à transformação digital, desmaterialização dos processos, as áreas de tecnologia e desenvolvimento, marketing digital e o e-commerce são setores que vão crescer independentemente da velocidade da recuperação [da economia], ou da nossa adaptação à pandemia, seja com medidas de confinamento ou não. Já os setores de atividade que continuam a estar diretamente dependentes da presença, do turismo, do atendimento presencial, irão naturalmente ter um crescimento mais lento e incerto“, afirma Rui Teixeira.

A Grande Lisboa parece ser a região mais afetada no próximo trimestre, com os empregadores a preverem uma destruição de emprego em 5%: 2% conta aumentar os postos de trabalho, mas 7% pensa em reduzi-los. Curiosamente, depois de ter estado em alta em estudos anteriores (até porque, com a pandemia, muitos portugueses para ali fugiram nas férias), o Centro também está entre os mais pessimistas (7% fala em despedir e só 4% em contratar). É a região que mais vê o indicador da criação líquida de emprego recuar face ao trimestre anterior (10 pontos percentuais).

No Sul do país, a criação de emprego estimada também é negativa, mas menos (-1%), uma redução de dois pontos percentuais face ao trimestre anterior (é a região que menos cai). As entrevistas foram realizadas a 514 empresas em Portugal entre 18 de janeiro e 2 de fevereiro, ou seja, já contêm o efeito do segundo confinamento.

Se o verão vai trazer otimismo aos empresários? Rui Teixeira não arrisca previsões, muito por força da “incerteza” que ainda paira. “Acreditamos que o início de junho [quando sair o próximo relatório], tendo em conta que vimos de uma fase com novas medidas e uma nova abertura, trará novas perspetivas”.

“Há um desajuste das competências que o mercado procura e tem para oferecer”

Rui Teixeira não lhe quer chamar uma “lição”, mas antes uma “aprendizagem”: o que a pandemia tornou evidente foi a “necessidade de adaptabilidade” e de “treino constante” dos trabalhadores, para que, em futuras crises, possa haver uma reconversão dos setores mais afetados para os que oferecem melhores perspetivas de emprego a médio e longo prazo.

Em que concelhos o desemprego mais sobe e desce e outros gráficos sobre o mercado de trabalho

Nesse esforço têm de entrar os empregadores, os governos e os próprios funcionários, aponta. “A destruição de emprego que a pandemia gerou criou não só esta escassez de emprego, mas também de talento, que já tínhamos identificado há alguns anos e nalguns estudos. Há um desajuste das competências que o mercado procura e que tem para oferecer. É essencial que os trabalhadores, ativos ou não, tenham esta disponibilidade para se readaptar e reaprender“, afirma o responsável da ManpowerGroup Portugal.

A forma como essa formação é feita também deve sofrer alterações, em prol de “modelos à distância e b-learning, em que a formação presencial e remota se complementam”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça até artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.