Cientistas brasileiros descobriram uma possível nova variante do coronavírus SARS-CoV-2 que não está relacionada nem com a P.1 (identificada em Manaus), nem com a P.2 já identificadas no país, reportou a Globo. Até ao momento encontraram três amostras dessa variante.
A identificação desta nova variante foi feita num trabalho conjunto de cinco instituições coordenadas pelo Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), mas também foi descrita num trabalho independente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Com o sequenciamento [genético] de três amostras que contém a mutação E484K, o presente estudo permitiu a identificação de uma possível nova linhagem de SARS-CoV-2 originada da linhagem B.1.1.33 que circulava no Brasil desde o início de 2020”, lê-se no comunicado conjunto das instituições.
Apesar de não estar relacionada com as linhagens da P.1 e P.2, a potencial nova variante tem em comum a mutação E484K na proteína spike (que se liga às células humanas) e que se julga conferir ao vírus capacidade para se escapar aos anticorpos neutralizantes contra as variantes mais antigas. Esta mutação também está presente na variante sul-africana (B.1.351).
Esta nova variante terá surgido em agosto e já se terá espalhado pelos estados de todas as regiões, com exceção do Centro-Oeste.
Os cinco laboratórios analisaram 195 genomas provenientes de cinco estados e que representam 39 municípios brasileiros. As amostras foram recolhidas entre 1 de dezembro de 2020 e 15 de fevereiro 2021 e correspondiam a pessoas entre os 11 e os 90 anos de idade, dois quais 92 eram homens e 93 mulheres.
“Os resultados permitiram a inferência das datas de origem de P.1 (linhagem de Manaus) e identificar que a linhagem do Rio de Janeiro, P.2, descrita no final de 2020 apresenta uma diversificação à medida que se espalha pelo país”, lê-se na nota. “Além disso, foi possível reconstruir as rotas de transmissão interestaduais dessas duas linhagens.”