A Alpine é a nova aposta da Renault dentro do grupo. Para optimizar recursos e crescer, em termos de imagem e de produto, decidiu juntar a Alpine Cars, que fabrica os modelos de série, à equipa de F1, que até 2020 correu com emblema Renault, e à Alpine Endurance Team, que este ano é promovida da segunda categoria para a primeira, a mais rápida entre as equipas que disputam o Campeonato do Mundo de Resistência (WEC), incluindo as 24 Horas de Le Mans. O A480 é a nova arma do construtor francês de desportivos.

Se as novidades que vêm aí, em matéria de carros de estrada são muitas e todas eléctricas – compostas por um compacto potente e desportivo, uma espécie de Mégane Trophy mas com roupagem Alpine, além de um SUV e do sucessor do actual A110 –, a disputa do Campeonato do Mundo de F1 é um tremendo desafio, em que a Renault e agora a Alpine parecem evoluir na boa direcção. Mas se enfrentar os Fórmula 1 da Ferrari, Mercedes e Red Bull promete ser uma tarefa hercúlea, impor-se no WEC são será muito mais fácil. Em 2021 mudaram as regras e os anteriores carros ganhadores, os LMP1 (Le Mans Prototypes categoria 1) foram substituídos pelos novos LMH (Le Mans Hypercar), teoricamente 80% mais baratos de produzir e manter, o que vai incrementar o número de equipas capazes de lutar pela vitória.

A Alpine revelou o seu Hypercar para 2021 pela mão de Luca de Meo, o CEO do grupo francês. O objectivo claro é repetir a vitória em Le Mans alcançada pelo Alpine Renault em 1978. Pode não ser fácil, mas a realidade é que a equipa da Alpine assenta no team que conseguiu sagrar-se Campeão do Mundo de LMP2 em 2016 e 2019, tendo vencido as 24 Horas de Le Mans em quatro ocasiões nas últimas seis edições da prova.

Ao contrário da Toyota, cujo Hypercar aposta na tecnologia híbrida, sendo mais pesado mas usufruindo de um motor eléctrico à frente que garante tracção integral, a Alpine Endurance Team aposta numa mecânica mais simples, para ser mais fiável. O motor é um 4.5 V8 atmosférico desenvolvido pela Gibson, que promete ligeiramente acima de 633 cv, sendo que um restritor de ar vai permitir à organização modular a potência (e o peso) através do BOP (Balance of Performance) para nivelar o nível de competitividade entre os concorrentes. A caixa tem seis velocidades e é fabricada pela Xtrac, estando obrigada a pesar um mínimo de 75 kg para evitar o recurso a materiais muito leves e caros.

O chassi em fibra de carbono do A480 é concebido pela Oreca, essencialmente uma evolução do Rebellion R-13 que correu em 2020 em LMP1. Anuncia um peso de 900 kg, o que significa que irá ser lastrado de acordo com as determinações do BOP. A equipa da Alpine vai-se fazer representar em Le Mans por apenas um carro, conduzido por Nicolas Lapierre, André Negrão e Matthieu Vaxiviere. Quanto às probabilidades de vitória nas 24 Horas de Le Mans, corrida cujo triunfo vale mais do que todo o campeonato e o respectivo título, a Alpine está confiante e parece ter razões para isso. Na opinião do piloto japonês da Toyota Kazuki Nakajima, veiculada ao Auto Sport britânico, a Alpine tem um carro muito fiável e a Toyota depende do EoT (Equivalence of Technology), destinado a equilibrar o tempo por volta entre os modelos híbridos e os não híbridos, com Nakajima a admitir que, se não tiverem problemas, vai ser uma corrida difícil.

A temporada de 2021 do WEC conta com cinco provas, estando a corrida no circuito de Portimão aagendada para o fim-de-semana de 13 de Junho, a 3ª do ano. Le Mans foi atrasada para 22 de Agosto.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR