Henrique Veiga-Fernandes tem uma certeza e muitas dúvidas. O investigador principal da Fundação Champalimaud sabe que as células do sistema imunitário e as do sistema nervoso interagem e estabelecem contactos regulares sempre que há um ataque ao organismo – seja exterior (como é o caso de um vírus), seja interior (como é o caso de um cancro). Mas o também co-diretor do Champalimaud Research, o braço da instituição responsável pela investigação científica, não sabe se ao certo como é que esse contacto ocorre.

A partir daqui, o método científico vai-se desenrolando: a partir das muitas dúvidas da equipa do imunologista, vão-se desenvolvendo experiências e colocando hipóteses que se tentam comprovar em trabalho laboratorial.

Como é que os neurónios transmitem informação aos linfócitos? E como é que as células do sistema imunitário reagem a esta transmissão de dados das células do sistema nervoso? Quem dá o alerta em caso de ataque? Que “língua falam”? E, além dos intestinos – que, apesar de distantes do cérebro, são palco frequente onde os neurónios são encontrados por vezes – que outros órgãos do organismo albergam estes encontros celulares? Para já sabe-se que a pele, o tecido adiposo e o pâncreas já registaram contactos. E que, em caso de infeção grave, o pulmão é também alvo da atenção destes dois tipos de células em particular. Mas haverá mais?

Dentro de três anos Henrique Veiga-Fernandes espera ter respostas para algumas destas questões. E para outras que surjam entretanto.

Leia aqui a história deste projeto.

Este artigo faz parte de uma série sobre investigação científica de ponta e é uma parceria entre o Observador, a Fundação “la Caixa” e o BPI. O projeto Unravelling Pulmonary Neuroimmune Circuits During Infection/ O Diálogo entre Neurónios e Defesas Abre a Porta para Novas Terapias Contra Infeções, liderado por Henrique Veiga-Fernandes, da Fundação Champalimaud, foi um do 25 selecionados (6 em Portugal) – entre 602 candidaturas – para financiamento pela fundação sediada em Barcelona, ao abrigo da edição de 2020 do Concurso Health Research. O investigador recebeu 500 mil euros por três anos. O Health Research apoia projetos de investigação em saúde e as candidaturas para a edição de 2021 encerraram a 3 de dezembro. Em meados deste ano deverão estar disponíveis as informações sobre as candidaturas para 2022.

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