Uma semana difícil mudou quase tudo no plano A da Iniciativa Liberal para Lisboa, mas o partido mantém a estratégia de ir sozinho na grande maioria dos municípios (o Porto continua a ser potencialmente uma exceção), já aprovou algumas coligações e a apresentação de Bruno Horta Soares ainda não aconteceu. Agora, depois do imprevisto em Lisboa, é tempo de manter tudo by the book, como mandam as regras.

Na reunião do núcleo de Lisboa que aprovou o nome do Plano B para a maior autarquia do país, houve tempo para tudo: ananás na pizza, um louvor a quem saiu, vozes que preferiam o apoio a Moedas e a apresentação (pouco necessária e à porta fechada) de quem é agora o cabeça de lista à capital, Bruno Horta Soares. Certo é que, para quem está dentro do partido, o candidato, sendo um dos membros fundadores, já era bastante conhecido. Mas à falta de discurso oficial —por enquanto — o liberal falou na reunião em que foi aprovado o seu nome.

O Conselho Nacional reuniu este sábado, mas o programa e a lista de Bruno Horta Soares ainda não foram aprovados por não estarem totalmente completos. Por esta altura, já Miguel Quintas tinha sido apresentado, com pompa e circunstância, na Praça do Município, a meio de uma reunião, devido à pressão que a IL estava a sentir por parte da mega-coligação que Carlos Moedas procura montar em Lisboa, com uma tentativa do antigo comissário europeu de juntar os liberais à equipa. A necessidade de afirmação do partido como diferente falou mais alto, a IL quis ir sozinha a jogo e manteve a opção mesmo depois de a aposta no primeiro candidato ter corrido mal.

Além de Lisboa, até agora, só Cascais e Setúbal têm o ‘sim’ oficial do partido: Miguel Barros em Cascais e, apurou o Observador, está fechado um independente em Setúbal..

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Cascais e Setúbal já fecharam os candidatos e serão candidaturas próprias

Na reunião do núcleo de Lisboa em que se decidiu o Plano B houve bem mais do que uma decisão autárquica, a começar por uma moção sobre ingredientes na pizza. A brincadeira começou pelo facto de a IL estar a crescer e, inevitavelmente, ganhar espaço na comunicação social. A quantidade de notícias, fontes e “fugas de informação” levaram os liberais a ironizar o tema e a votar sobre se a pizza deve ser com ou sem ananás para se perceber se tudo chega, de facto, aos media.

Com a brincadeira acabada, era tempo de voltar à política. A decisão de uma candidatura própria estava tomada mas, ainda assim, o Observador sabe que houve vozes a insistir que um apoio a Carlos Moedas era o tiro mais certeiro, que o partido não devia ir sozinho, até porque o antigo comissário europeu era um nome que se encaixava nos ideais liberais. Apesar de a questão ter voltado a estar em cima da mesa, não havia volta a dar. A decisão da maioria prevaleceu e foi muito o apoio demonstrado a Bruno Horta Soares.

O candidato à capital falou pela primeira vez à porta fechada, ao contrário do antecessor Miguel Quintas, que teve direito a uma apresentação pública em Lisboa, em plena Praça do Município. Depois do que aconteceu e da desistência por motivos pessoais, o atual cabeça de lista da corrida a Lisboa vai seguir os trâmites normais estabelecidos pela Iniciativa Liberal. A lista ainda não foi aprovada pelo Conselho Nacional, mas esta decisão deverá acontecer na próxima reunião — sendo que a IL vai fazer mais reuniões deste órgão nos próximos meses para dar “luz verde” a listas. Quanto à apresentação, será o núcleo de Lisboa a decidir quando, como e onde será feita.

Bruno Horta Soares tem 41 anos, é consultor e professor universitário nas áreas de Transformação Digital, Governança, Gestão, Risco e Cibersegurança e colaborou com algumas organizações públicas e privadas em Portugal, Angola e Moçambique. É um dos fundadores do partido e o primeiro “CEO” da Associação Iniciativa Liberal, sendo atualmente membro do Conselho Nacional da IL.

Para a história ficou a curta passagem de Miguel Quintas como candidato a Lisboa, em três dias que mudaram o rumo da Iniciativa Liberal na capital. O núcleo de Lisboa finalizou este ciclo ao aprovar um louvor em nome do liberal, que acabou por deixar o partido após toda a situação, ao deixar a certeza de que a decisão tinha sido de índole pessoal quando partilhou nas redes sociais que “a privacidade de três filhos menores vale mais do que qualquer política”. João Cotrim Figueiredo já tinha agradecido o trabalho feito por Miguel Quintas, tendo em conta que foi uma das pessoas que preparou toda a candidatura individual da IL a Lisboa. No final, ficou o louvor.

No Conselho Nacional deste sábado, a Iniciativa Liberal anunciou a participação em três coligações, todas elas com apoio a cabeças de lista independentes: Covilhã, Olhão e Matosinhos. Na Covilhã a IL integra uma coligação com PSD e CDS-PP, em Olhão uma equipa com CDS-PP, PPM e MPT e em Matosinhos Aliança e IL vão trabalhar juntos. Neste momento, o partido aponta para um total de 50 candidaturas em municípios, uma representação de “mais de 60% da população”.

Na mesma reunião foi eleita como presidente da Mesa do Conselho Nacional, que é também a Mesa da Convenção Nacional, Mariana Leitão, que liderou a lista mais votada na Convenção e que é a coordenadora do núcleo de Oeiras. Nuno Fernandes, Pedro Martins e João Almeida completam a restante equipa. Na reunião foi ainda aprovado o relatório de gestão e contas relativo a 2020, que foi aprovado por 92% dos conselheiros, e onde os liberais relevaram a “boa gestão e os factos de não existir qualquer dívida, nem a fornecedores nem bancária”.