Os acontecimentos de índole racista ou xenófoba têm, em Portugal, uma expressão “inexpressiva” em comparação com outros países, mas a ameaça pode tornar-se mais grave. O alerta está no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), noticiado esta quarta-feira pelo Diário de Notícias e pelo Jornal de Notícias – o documento alerta que os grupos instigadores de ódio estão a crescer online.

“O confinamento social imposto pela crise pandémica aumentou o tempo de exposição da sociedade em geral, e dos jovens em particular, ao meio online e abriu um leque de oportunidades para que os movimentos radicais de extrema-direita disseminassem conteúdos de propaganda e de desinformação digital”, pode ler-se neste documento que foi aprovado na terça-feira no Conselho Superior de Segurança Interna e será enviado esta quarta-feira à Assembleia da República.

Por essa via, podem-se “aumentar as bases sociais de apoio, galvanizar os sentimentos antissistema e reforçar a radicalização de base xenófoba, recorrendo a um discurso apelativo da violência e do ódio”, acrescenta o documento que é elaborado pela Direção-Geral de Política de Justiça a partir de informação proveniente de oito órgãos de polícia criminal.

Esta edição do RASI confirma que a vigília à frente da sede do SOS Racismo, em agosto, foi promovida por um “novo grupo de extrema-direita” que se chama Resistência Nacional. Por sua vez, houve ameaças a deputados e a dirigentes de organismos antirracistas feitas por elementos de um outro grupo, a Nova Ordem de Avis. O surgimento destes grupos espelha a “escalada do clima de tensão entre a extrema-direita e os adversários políticos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Por outro lado, segundo o relatório, os movimentos anarquistas e de extrema-esquerda têm estado “pouco ativos na prossecução dos seus objetivos revolucionários”, afirma o documento.

Covid-19. Portugal regista índices de criminalidade mais baixos pelo menos desde 1989, diz Eduardo Cabrita