A Associação das Juízas Portuguesas (AJP) está a promover um estudo para aferir os níveis de stress, burnout e outros sintomas psicopatológicos em profissionais do sistema da justiça, em particular nos magistrados judiciais, informou esta segunda-feira a AJP.
A AJP refere, em comunicado, que o estudo é coordenado por Mauro Paulino, coordenador da Mind/Instituto de Psicologia Clínica e Forense e Sandra Neves, médica especialista em Psiquiatria no Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra.
“Embora as avaliações sobre burnout, geralmente traduzido por esgotamento profissional, sejam uma prática internacional, com resultados que revelam que os profissionais de justiça experienciam stress, ‘burnout’, depressão ou trauma secundário devido a diversos fatores, como o excesso de trabalho, falta de recursos humanos ou mesmo preocupações relativas à sua segurança, em Portugal desconhece-se a extensão deste problema”, justifica a AJP.
Segundo a AJP, até à data, “não existe qualquer levantamento rigoroso e científico sobre como este fenómeno afeta os profissionais de justiça, especialmente os magistrados“.
Com a iniciativa de promover agora uma investigação sobre o tema, a AJP diz pretender “saber ao certo, de que forma o contexto profissional e também a pandemia por Covid-19 interfere com a saúde mental” dos profissionais do sistema da justiça.
“Considerada durante muitos anos uma realidade exclusiva de profissões com maior envolvimento interpessoal (como as da área da saúde), sabe-se que o burnout pode acontecer em qualquer profissão, estando associado, por exemplo, a ambientes de grande competitividade, em que as atividades atribuídas não são adequadas a cada pessoa ou quando há sobrecarga de tarefas e/ou de horários“, salienta a AJP.
Atualmente — sublinha a mesma associação — esta síndrome é considerada “uma questão de saúde pública, com dados recentes a revelar que Portugal ocupa o primeiro lugar de um ranking relativo ao risco de burnout nos 27 países da União Europeia”. Em Portugal existem cerca de 3.000 magistrados nos tribunais judiciais e nos tribunais administrativos e fiscais.