“O desafio dos últimos dias não foi o mais difícil ou perigoso para a estabilidade da nossa nação, mas para mim foi o mais doloroso. Falo convosco hoje para vos assegurar que a sedição foi cortada pela raiz e que a nossa orgulhosa Jordânia está segura e estável”. As palavras, pronunciadas em direto na televisão por um jornalista, mas escritas pelo rei Abdullah II, foram tornadas públicas na noite desta quarta-feira naquela que foi a primeira reação à crise vivida pela coroa da Jordânia.
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Na comunicação ao povo da Jordânia, o rei explica que o príncipe Hamzah se comprometeu a “colocar o interesse, a Constituição e as leis da Jordânia acima de todas as considerações”. “Hamzah hoje está com a sua família, no palácio, sob os meus cuidados”, clarificou Abdullah II, já depois do príncipe ter jurado fidelidade ao rei, depois de um encontro com membros da família real, entre eles o príncipe Hussein, filho mais velho do rei, que terá conseguido apaziguar as relações.
Na declaração, o rei frisa ainda que “nada nem ninguém vem antes da segurança” e estabilidade do país e que “era imperativo tomar as medidas necessárias para honrar essa responsabilidade”. Os contornos do sucedido “estão sob investigação, de acordo com a lei”, tendo o rei da Jordânia garantido que a investigação será feita “de maneira a que garanta justiça e transparência”.
A comunicação do rei acontece depois de, no domingo, o governo do país ter acusado Hamzah de ter ajudado a planear um golpe contra o rei (que é seu meio-irmão). Hamzah — que foi destituído do cargo de príncipe herdeiro por Abdullah II em 2004 — negou as acusações e, no início da semana, prometia não ficar quieto nem “obedecer” às ordens das autoridades. Desde então, Hamzah não divulgou mais nenhum vídeo ou fez qualquer comentário público, mas a sua assinatura surgia na mensagem entregue à televisão para ser lida.
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A notícia ecoou pelo mundo em jeito de perplexidade, já que a Jordânia se tem conseguido manter à margem dos conflitos e instabilidade no Médio Oriente nos últimos anos. Não são conhecidas publicamente desavenças familiares e altos líderes mundiais fizeram questão de demonstrar apoio ao monarca logo depois deste caso ter sido tornado público.
Ursula von der Leyen visitou o rei Abdullah II na quarta-feira e Joe Biden fez questão de ligar ao monarca para demonstrar “total solidariedade à Jordânia”, segundo um comunicado divulgado por uma agência de notícias do país.