A participação de Sérgio Sousa Pinto na 3ª Convenção do Movimento Europa e Liberdade, agendada para finais de maio em Lisboa, está a aquecer as redes sociais. O deputado socialista vai participar num painel sobre “A intolerância cultural e a ditadura do politicamente correto” ao lado de figuras como João Miguel Tavares, Helena Matos, Francisco José Viegas ou Pedro Boucherie Mendes, mas é o orador que se segue a esse painel, fechando a manhã de trabalhos, que concentra as atenções da esquerda: André Ventura, do Chega.

https://www.facebook.com/movimentoeuropaliberdade/posts/1880104862153835

As críticas não demoraram a chegar. Aproveitando um post de Sérgio Sousa Pinto, no Facebook, a propósito do 25 de abril – a foto histórica de um dos militares da coluna de Salgueiro Maia de braços abertos no Terreiro do Paço – o antigo responsável do PS Paulo Pedroso acusou o deputado socialista de contribuir para “legitimar o branqueamento democrático de André Ventura”. Como? Precisamente pela sua “participação num fórum que visa mostrar que do Chega ao PSD, a luta é a mesma”.

Aula Magna da direita volta a juntar-se e desta vez com Rui Rio

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Lamento muito, pelo que tu já representaste de defesa do alargamento das liberdades, esse teu gesto, que demonstra que não percebes o risco que a direita democrática, a quem queres dar uma mãozinha, está a correr”, conclui Paulo Pedroso no seu comentário.

Na resposta, Sérgio Sousa Pinto foi cauteloso, recusando o confronto imediato. “O comentário não merece resposta. Arrisca menos julgamentos sobre o teu semelhante”, sugeriu o deputado socialista.

Entretanto, este sábado à noite, na TVI24, Sérgio Sousa Pinto, depois de garantir que não vai “partilhar palco nenhum” com o deputado único do Chega, recusou a ideia de que o facto de participar na mesma convenção ajude de alguma forma à “normalização” de André Ventura. “O Dr. Ventura não tem lepra, o Dr. Ventura foi eleito com os votos dos portugueses, portanto quando vejo o Dr. Ventura eu não mudo de passeio”, disse o deputado socialista.

“Um regime democrático é um regime onde nós nos podemos ouvir uns aos outros com respeito mútuo. E a mim, quando me pedem para falar porque me querem ouvir, desde que me deixem exprimir o meu pensamento com liberdade, eu vou e eu falo”, justificou Sérgio Sousa Pinto. “Uma das grandes ameaças à democracia não é apenas o Dr. André Ventura, são os pequenos inquisidores, quer à esquerda, quer à direita, de que o país está cheio”, rematou logo depois.

O comentário de Paulo Pedroso no Facebook não foi o único. Também à esquerda, o comentador Daniel Oliveira publicou no Twitter um post com a imagem do cartaz da Convenção do MEL, mas apenas um “close up” do painel em que participa Sousa Pinto e ao qual se segue a participação de Ventura.

“Do MEL. Coisas que se comentam sozinhas”, escreveu o antigo dirigente do Bloco de Esquerda.

Horas antes, já Pedro Marques Lopes tinha usado também o Twitter para atacar Sérgio Sousa Pinto. “Com um deputado do PS a participar num evento com o Ventura já se pode falar da normalização do Chega pelos socialistas, certo?”.

Sérgio Sousa Pinto não é a única figura associada ao PS que está agendada para participar na Convenção do MEL em Lisboa. Álvaro Beleza, antigo dirigente, Henrique Neto (antigo militante do PS e ex-candidato presidencial) ou Luís Amado (antigo MNE do governo de António Guterres) vão participar em vários painéis do encontro.

Artigo atualizado às 23h50 com as declarações de Sérgio Sousa Pinto à TVI24