Nuno Vasconcellos, acionista e ex-presidente Ongoing, mostrou disponibilidade para ser ouvido pela comissão parlamentar de inquérito ao Novo Banco através de vídeoconferência. A disponibilidade chegou aos serviços do Parlamento há uma semana através de um representante, segundo revelou o presidente da comissão de inquérito no início da audição a Eduardo Stock da Cunha, antigo presidente do Novo Banco. Em declarações ao Observador, Fernando Negrão indicou que está a ser acertada a disponibilidade para agendar esta audição, apontando como um obstáculo a diferença horária para o Brasil onde reside o empresário.

A Ongoing é um dos maiores devedores do Novo Banco, tendo sido também um dos que gerou mais perdas por créditos concedidos para a compra de ações, em particular da Portugal Telecom. A Ongoing de Nuno Vasconcellos chegou a ser um dos maiores acionistas da antiga PT, estando alinhado com o presidente do BES, Ricardo Salgado na estratégia para a operadora. A Ongoing Strategy Investments, principal holding, foi declarada insolvente em 2016 com uma dívida de mais de 1000 milhões de euros. O BCP e o Novo Banco eram os maiores credores.

O Parlamento estava a ter dificuldade em entrar em contacto com o seu fundador que acabou por feito através de um intermediário que deixou um endereço eletrónico. A confirmar-se a audição por vídeoconferência, Negrão admitiu no Parlamento que o empresário podia ser ouvido por escrito, esta será a única feita a um grande devedor de forma não presencial. Os deputados já questionaram Bernardo Moniz da Maia, António da Gama Leão (Prebuild) e Luís Filipe Vieira.

A última intervenção no espaço público português conhecida de Nuno Vasconcellos foi um direito de resposta publicado no Observador em outubro de 2020, a propósito de um artigo de opinião da jornalista Helena Garrido que tinha como tema os grandes devedores da banca. Nesta resposta, o antigo dono da Ongoing contesta a sua inclusão na lista das pessoas que lesaram os bancos em Portugal.

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Direito de resposta ao artigo de opinião “Ah, Ah, Ah, podem rir os grandes devedores”

Auditoria do Tribunal de Contas pode acelerar audições a Centeno, Carlos Costa e António Ramalho

Ainda antes desta audição, sem data marcada, a comissão de inquérito quer ouvir os principais responsáveis pelo contrato de venda do Novo Banco e pela criação e execução do mecanismo de capital contingente, na sequência das conclusões da auditoria do Tribunal de Contas. A primeira audição já agendada para esta quarta-feira é a do presidente do Tribunal, José Tavares, que vem à comissão de inquérito a convite da comissão de orçamento e finanças.

Esta comissão, que foi quem pediu a auditoria ao Tribunal de Contas, chegou a discutir a chamada de Mário Centeno, ex-ministro das Finanças e atual Governador do Banco de Portugal, de Carlos Costa, ex-governador, de Luís Máximo dos Santos, presidente do Fundo de Resolução, de António Ramalho, presidente do Novo Banco, e de João Leão, ministro das Finanças. No entanto, o CDS defendeu que as mesmas se deviam realizar no quadro da comissão de inquérito, o que foi aceite por outros partidos.

O objetivo seria ouvir estes responsáveis nas próximas semanas, mas as agendas ainda estão ainda a ser acertadas, em função das disponibilidades, adiantou ainda Fernando Negrão. A ida destas personalidades à comissão de inquérito estava prevista desde o início dos trabalhos, mas na fase final das audições devido à responsabilidade que tiveram no contrato de venda do Novo Banco e no mecanismo que estabelece a obrigação do Fundo de Resolução injetar capital no banco.