A secretária-geral da CGTP-IN exigiu ao Governo português que contribua para terminar a “agressão” de Israel à Palestina e que “reconheça o direito à autodeterminação e à soberania” do povo palestiniano, com a capital em Jerusalém Oriental.

Isabel Camarinha falava à agência Lusa no final de uma manifestação/comício de “Solidariedade com a Palestina”, que decorreu na praça do Martim Moniz, em Lisboa, organizada conjuntamente pela Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses — Intersindical Nacional (CGTP-IN), Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC) e Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM).

“O que se exige é que o Governo português, não só contribua para terminar esta agressão, como também que reconheça a Palestina, com as fronteiras anteriores a 1967, tal como já está amplamente negociado na ONU, e que aceite esta autodeterminação e soberania do povo da Palestina, com a capital em Jerusalém Oriental, disse a líder sindical.

“É uma agressão brutal que Israel está a fazer ao povo palestiniano, em cima de uma ocupação e de uma exploração enormíssima que tem sido feita àquele povo, que, nomeadamente na Faixa de Gaza, vive em condições sub-humanas. Exige-se ao Governo português que rejeite estas agressões e apele ao Governo de Israel que termine imediatamente com as agressões. E estando na Presidência da Comissão Europeia também sensibilize os outros Estados membros neste sentido”, acrescentou.

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Sobre a iniciativa de solidariedade para com o povo palestiniano, envolvido desde 10 deste mês em confrontos com o exército de Israel a partir da Faixa de Gaza, onde lidera o grupo islâmico xiita Hamas, Isabel Camarinha disse ser necessário que Portugal cumpra o que determina a Constituição.

“Portugal, que tem uma Constituição da República, que defende a paz e o diálogo entre os povos, o fim do imperialismo e da ação do imperialismo, e o Governo tem de cumpri-la e respeitá-la. Já devia ter tomado uma atitude de rejeição em relação a esta agressão que escalou desta forma, com o apoio dos Estados Unidos”, referiu.

“E a própria União Europeia (UE) também, cumplicemente, tem aceitado o que está acontecer e até colocam em pé de igualdade vítimas e agressores, criminosos e vítimas, como se isto fosse um conflito entre iguais, quando não é”, argumentou.

Para a líder sindical, há a “exigência” de que Israel termine a “escalada da agressão” ao povo palestiniano, “agressão essa que já vem de algumas décadas, mas que agora tem o assassínio de centenas de palestinianos, entre elas crianças”.

Os combates começaram a 10 de maio, após semanas de tensão entre israelitas e palestinianos em Jerusalém Oriental, que culminaram com confrontos na Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar sagrado do Islão, junto ao local mais sagrado do judaísmo.

Ao lançamento maciço de ‘rockets’ por grupos armados em Gaza em direção a Israel opõe-se o bombardeamento sistemático por forças israelitas contra a Faixa de Gaza, tendo provocado a morte a cerca de 200 palestinianos, incluindo 59 menores e 39 mulheres, bem como mais de 1.300 feridos.

Do lado israelita foram contabilizadas 10 mortes, entre elas a de dois menores, numa altura em que continuam os ataques de ambas as partes sem que vislumbre um sinal de tréguas.

O conflito israelo-palestiniano remonta à fundação do Estado de Israel, cuja independência foi proclamada em 14 de maio de 1948.

Os 27 países da UE têm frequentemente dificuldades em encontrar uma posição comum sobre o conflito israelo-palestiniano, com países como a Alemanha, a Áustria ou a Eslovénia a apoiarem firmemente o direito de Israel a defender-se, enquanto outros exortam o Estado hebreu a demonstrar contenção.