A menos de três meses das datas anunciadas da próxima edição do festival Vodafone Paredes de Coura — apontada para os dias 18 a 21 de agosto —, o diretor do festival, João Carvalho, ainda não sabe se o festival poderá acontecer.
Em declarações à Rádio Observador, na sequência do adiamento de mais dois festivais de verão — o Super Bock Super Rock e o Festival Músicas do Mundo de Sines, que se juntam ao NOS Primavera Sound, Rock In Rio, NOS Alive, EDP Cool Jazz e a tantos outros —, o promotor revela que definiu a próxima semana como “data limite” para tomar uma decisão sobre a passagem ou não do festival para 2022.
João Carvalho deixa ainda críticas ao Governo pela indefinição e falta de informação e promete: “Alguma coisa vou fazer”. Se será o festival ou uma espécie de edição paralela ao evento, que não pode garantir já que não venha a ser adiado para 2022, será uma decisão a tomar em breve.
“Quando vejo eventos como a final da Champions…”
“A decisão ainda não há. Agora, vou ter de a tomar nos próximos dias. Isso é garantido”. Foi assim que João Carvalho começou por intervir, queixando-se da falta de respostas do Governo sobre os resultados dos testes-piloto — feitos em abril — e sobre a possibilidade de se realizarem ou não grandes festivais este verão.
Mantemos a expectativa e esperamos uma resposta, seja da DGS, seja do Governo, seja de quem for. Essas respostas não têm chegado”, lamenta.
Notando que “o festival de Paredes de Coura foi sempre um festival conhecido pelas suas relações, pelo seu respeito com o público”, vincou que o desejo é fazer um festival “sem limitações para o público, sem limitações de abraços, de convívio”.
Garantindo não estar “a ter respostas” das autoridades, João Carvalho assume: “Não sei o que vai acontecer, algo vai ter de acontecer nos próximos dias. Há dias em que penso que as coisas estão bem encaminhadas. Quando vejo eventos como a final da Champions League chego à conclusão que não há motivo para que não se façam festivais com teste à entrada. No entanto, como essas respostas estão a demorar já impus a mim mesmo um limite: na próxima semana tenho de ter decisão, tenha ou não respostas da DGS ou do Governo”.
Confessando ainda que a sua convicção é de que em termos de segurança sanitária seria possível fazer o festival em agosto — “quase tenho a certeza que chegando ao mês de agosto temos imunidade de grupo” —, o promotor lamenta: “O mal é que ninguém tem essa coragem política de assumir que se possam fazer festivais em agosto. E a verdade é que já se ultrapassou todos os prazos. Os festivais normalmente começam a ser trabalhados em setembro do ano anterior e em janeiro temos as bandas todas fechadas. Neste momento começa a ser complicado dizer aos agentes internacionais porque estamos à espera. Andamos neste jogo há meses”.
Se o festival não se realizar em 2021, o prejuízo será “enorme” porque também “enorme” é a estrutura e porque este seria o segundo ano de consecutivo sem Vodafone Paredes de Coura. Além disso, apontou, “já foram feitos alguns pagamentos de bandas este ano, já foram feitos alguns acordos. Mas é como o mundo está. Em Portugal as decisões tardam a chegar e torna-se ainda mais complicado”.
Há festivais europeus anunciados, trabalham naturalmente contratando bandas e infra-estruturas. O que acontece é que se o festival não se realizar há um seguro. Tentámos essa solução, não conseguimos, era uma forma de irmos trabalhando e planeando. Neste momento estamos a trabalhar completamente sem rede, inclusive vão aparecendo bandas que considero muito interessantes e não as posso fechar porque não sei se consigo ter o festival”, nota.
João Carvalho diz ainda que “seria lógico ter a resposta há já algum tempo mas estamos à espera”. O que ouviu de promotores que pensaram em fazer festivais mais cedo foi que “as limitações da DGS têm sido muito grandes o que dificulta muita coisa”. Mas alguma coisa acontecerá em Paredes de Coura em 2021, promete: “Tenho a certeza absoluta que alguma coisa vou fazer em Paredes de Coura, não sei se será um Paredes de Coura XS se será um Paredes de Coura club… seja o que for alguma coisa tenho de fazer. Mas tenho de tomar uma decisão o quanto antes em relação ao festival [à edição anunciada]. Há pessoas por essa Europa fora com férias marcadas, com casa alugada em Paredes de Coura e sinto que estou a falhar a esse público porque as pessoas estão ávidas de respostas — que eu também não tenho”.