788kWh poupados com a
i

A opção Dark Mode permite-lhe poupar até 30% de bateria.

Reduza a sua pegada ecológica.
Saiba mais

Marcelo e um notável do PSD apanhados no meio da campanha de Medina e Costa

Este artigo tem mais de 2 anos

Museu está vazio, mas a ala poente do Palácio da Ajuda está acabada e serviu aos dois socialistas para atirar a quem atacou "taxas e taxinhas". E ainda houve um elogio social-democrata para Medina.

i

LUSA

LUSA

Fernando Medina está a dias de apresentar a recandidatura à Câmara de Lisboa — o que acontecerá antes do congresso do PS de 10 e 11 de julho — mas num par de horas teve o estado-maior da política nacional à sua volta, um “insuspeito” elogio social-democrata e tudo na inauguração de um museu (ainda) vazio. Quase parecia uma ação de lançamento da campanha Medina 2021, não fosse a presença, na primeira fila, do Presidente da República e do social-democrata José Luís Arnaut, ali enquanto presidente adjunto da associação de Turismo de Lisboa. Tanto que na intervenção que fez, até o primeiro-ministro regressou ao seu tempo de autarca socialista para um ajuste de contas passadas —  que não falhará na campanha autárquica do PS em Lisboa.

No dia do descerrar da placa que inaugura a obra de remate da ala poente do Palácio Nacional da Ajuda, a dada altura Marcelo Rebelo de Sousa sentiu a necessidade de justificar a soma, ali naquele momento, de tantas figuras de Estado. É quase um insólito. “É comum os responsáveis políticos estarem presentes em inaugurações ou conclusões de requalificações de edifícios, mais invulgar é encontrarem-se numa cerimónia que assinala a concretização de obras iniciadas há mais de dois séculos”. Marcelo longe do desfilar de argumentos socialistas de campanha autárquica, nomeadamente na memória do ataque às “taxas de taxinhas” feito pelo Governo PSD/CDS ao então presidente da Câmara de Lisboa António Costa.

Agora na qualidade do primeiro-ministro, não só Costa como o seu sucessor na autarquia, Fernando Medina, aproveitaram o palco para atirar à oposição as críticas que nasceram em 2014, pela voz do ministro da Economia da altura António Pires de Lima, sobre a taxa municipal turística em Lisboa.

É que o espaço ali em causa foi maioritariamente financiado (17 milhões de euros de um total de 31) pelo Fundo de desenvolvimento turístico, “a designação eufemística das taxas e taxinhas. Foram elas que permitiram a constituição deste fundo”, fez questão de detalhar Costa que criou a taxa perante os ataques da oposição ao PS.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Antes dele já Fernando Medina tinha feito valer o mesmo argumento, ao sublinhar o carácter “exemplar” da obra e da “acertada decisão” de criar a taxa turística “alocando-a em exclusivo ao desenvolvimento turístico”. E logo a seguir a referência a todos os que apontaram que “a taxinha ia pôr em causa a competitividade do turismo”.

Por ano a taxa, assinalou o presidente da Câmara de Lisboa, rende à capital 36 milhões de euros de receita — num ano sem pandemia. O argumento vai ter uso na campanha que aí vem, com as eleições a terem de ser marcadas pelo Governo, no limite, em julho, e com Medina a querer ir ao congresso do PS já com recandidatura oficializada — o que a atira para as próximas semanas.

Na concorrência mais direta já sabe, pelo menos desde março, que terá Carlos Moedas, pelo PSD. Mas ali no simbólico momento da Ajuda teve um notável social-democrata a dirigir-lhe um rasgado elogio. José Luís Arnaut que já reconheceu, em entrevista ao Público, que a candidatura de Moedas é arriscada”, foi à inauguração e dedicou um elogio “de forma insuspeita” à “determinação do presidente da Câmara de Lisboa, se o qual não teria sido possível ultrapassar dificuldades de um projeto deste tipo”.

O projeto, antecipam já também os dois socialistas, não sairá isento de polémicas. Tanto Medina como Costa falaram na modernidade deste remate, num edifício cuja primeira pedra foi lançada há 226 anos. “Qualquer intervenção não geraria menos polémica”, disse Costa quando já tinha ouvido Medina dizer que o projeto ali concluído “nunca será unânime e isento de polémica, mas se assim fosse significava que ainda estaria inacabado”. Uma referência ao conturbado processo de construção do Palácio.

Medina puxou a si os galões do momento, lembrando o telefonema do ex-ministro da Cultura João Soares que “na sua breve passagem pelo Ministério da Cultura teve a ousadia de pegar no telefone e perguntou: ‘Estás disposto a avançar ou não?’. Eu disse: ‘Estou”. E a obra culminou, segundo o autarca, neste “dia histórico”.

LUSA

Marcelo pede “apaziguamento” dos revisionismos históricos

A esta mesa de Costa e Medina esteve também Marcelo Rebelo de Sousa, mais discreto na atribuição de créditos, e mais focado na obra e na necessidade de se caminhar para uma “relação apaziguada, sem deixar de ser crítica que podemos e devemos ter com a História”.

O Presidente a desviar caminho até ao debate que se reacendeu nos últimos anos de ajuste de contas com a História, por alguns setores mais radicais, sobre a devolução de tesouros históricos aos países que foram ocupados pelos portugueses. Em novembro, naquele mesmo espaço de autoria do arquiteto João Carlos, estará exposto o Tesouro Real, onde se contará por exemplo um núcleo exclusivamente dedicado ao ouro e diamantes do Brasil.

No centro do edifício, a atravessar vários andares do futuro museu está uma caixa forte onde serão expostas algumas das peças mais valiosas. Por agora só lá estavam mesmo duas para inaugurador-ver, o resto do espaço estava totalmente vazio com nova inauguração marcada para novembro deste ano.

As duas peças serviram para o número da porta blindada de cinco toneladas que Marcelo Rebelo de Sousa ainda tentou abrir sozinho, mas só conseguiu com a cooperação estratégia de António Costa. Ainda atirou em jeito de graça que não tinha receio de ficar ali fechado, até porque a companhia era “ótima”. Pelo menos conveniente, era. Enquanto o batalhão de jornalistas tentava questionar o Presidente, o primeiro-ministro escapou pé ante pé para o carro, com um gesto de alívio para o seu staff.

Assine por 19,74€

Não é só para chegar ao fim deste artigo:

  • Leitura sem limites, em qualquer dispositivo
  • Menos publicidade
  • Desconto na Academia Observador
  • Desconto na revista best-of
  • Newsletter exclusiva
  • Conversas com jornalistas exclusivas
  • Oferta de artigos
  • Participação nos comentários

Apoie agora o jornalismo independente

Ver planos

Oferta limitada

Apoio ao cliente | Já é assinante? Faça logout e inicie sessão na conta com a qual tem uma assinatura

Ofereça este artigo a um amigo

Enquanto assinante, tem para partilhar este mês.

A enviar artigo...

Artigo oferecido com sucesso

Ainda tem para partilhar este mês.

O seu amigo vai receber, nos próximos minutos, um e-mail com uma ligação para ler este artigo gratuitamente.

Ofereça artigos por mês ao ser assinante do Observador

Partilhe os seus artigos preferidos com os seus amigos.
Quem recebe só precisa de iniciar a sessão na conta Observador e poderá ler o artigo, mesmo que não seja assinante.

Este artigo foi-lhe oferecido pelo nosso assinante . Assine o Observador hoje, e tenha acesso ilimitado a todo o nosso conteúdo. Veja aqui as suas opções.

Atingiu o limite de artigos que pode oferecer

Já ofereceu artigos este mês.
A partir de 1 de poderá oferecer mais artigos aos seus amigos.

Aconteceu um erro

Por favor tente mais tarde.

Atenção

Para ler este artigo grátis, registe-se gratuitamente no Observador com o mesmo email com o qual recebeu esta oferta.

Caso já tenha uma conta, faça login aqui.

Assine por 19,74€

Apoie o jornalismo independente

Assinar agora