As queixas apresentadas na Procuradoria-Geral da República (PGR) relacionadas com a cibercriminalidade aumentaram em 2020 182% face a 2019, revelou esta segunda-feira a ministra de Estado e da Presidência, Mariana Vieira da Silva.

“No ano passado [2020], em Portugal, as queixas apresentadas na Procuradoria-Geral da República, relacionadas com a cibercriminalidade aumentaram 182%”, declarou Mariana Vieira da Silva, na sessão de abertura do “C Days – Ciber Segurança 2021”, que evento que decorre entre esta segunda-feira e a próxima quarta-feira, dia 16, na Alfândega do Porto.

A ministra, que não esteve presente na sessão de abertura, mas enviou a sua apresentação via digital, acrescentou que são cada vez “mais frequentes as notícias de ciberataques dirigidos a serviços essenciais como comunidades de saúde que paralisam a prestação de serviços públicos e causam consideráveis perturbações no funcionamento das sociedades”.

A governante defendeu que o desenvolvimento de competências em cibersegurança deve estar no “foco da ação das entidades públicas”, mas também nas “organizações do setor privado”, e lembrou que Portugal tem “dificuldade em formar e reter profissionais altamente especializados dotados de competências avançadas em cibersegurança”.

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“Os relatórios de execução da estratégia assinalam também a dificuldade em formar e reter profissionais altamente especializados, dotados de competências avançadas em cibersegurança, bem como a necessidade de um maior aproveitamento dos fundos estruturais e outros instrumentos de financiamento para promover a resiliência digital e a transformação digital das Pequenas e Médias Empresas”.

Embora Portugal tenha uma estratégia nacional de segurança do ciberespaço que consagra “várias linhas de ação à formação e sensibilização em cibersegurança”, Mariana Vieira da Silva referiu que é um “trabalho que precisa de ser “aprofundado”.

Incidentes de cibersegurança disparam em 2020 – Centro Nacional de Cibersegurança

O coordenador do Centro Nacional de Cibersegurança (CNCS) disse esta segunda-feira que os incidentes de cibersegurança em Portugal dispararam em 2020 e que os “picos” das ciberameaças foram coincidentes com os meses de maior confinamento devido à Covid.

“A mais recente publicação do relatório Riscos e Conflitos, do Observatório de Cibersegurança mostra que o volume de incidentes de cibersegurança em Portugal disparou no ano passado, revelando picos coincidentes com os meses de maior confinamento de pessoas e, por conseguinte, de maior recurso ao teletrabalho”, disse Lino Santos, durante a sessão de abertura do evento “C Days – Ciber Segurança 2021”, que decorre entre esta segunda-feira e quarta-feira na Alfândega do Porto.

Dos principais cibercrimes identificados em 2020, Lino Santos destacou o ‘pishing’ (técnica de crime cibernético que usa fraude, truque ou engano para manipular as pessoas e obter informações confidenciais), o ‘smishing’ (todo tipo de phishing que envolve uma mensagem de texto), “infeções por ‘malware’” (qualquer tipo de ‘software’ informático com intenção maliciosa), ‘ransomware’ (forma emergente de ‘malware’ que bloqueia o utilizador fora dos seus ficheiros ou do seu dispositivo e depois exige um pagamento online anónimo para restaurar o acesso), entre outros tipos de fraude ou burla, como as ciberameaças mais relevantes.

Segundo o coordenador do CNCS, para poder identificar, proteger, responder e recuperar das ciberameaças é necessária uma “atenção redobrada, quer na sensibilização, quer na forte aposta na criação de competências de pessoas e organizações”. Lino Santos defendeu que tal como para o caso da Covid, também na área da cibersegurança é preciso “alcançar a imunidade de grupo” e tornar “naturais os comportamentos e atitudes de cibersegurança” entre a população. “Precisamos de definir como meta ambiciosa o tornar essas competências inatas no maior número de pessoas possível”, defendeu, acrescentando que mote do C Days 2021 é “naturalizar competências”.