Com a General Motors a assumir que fará um SUV eléctrico com base na pick-up Hummer, a Jeep a ultimar o desenvolvimento do Wrangler a bateria e quando tudo indica que também a Ford pretende apresentar uma variante puramente eléctrica do novo Bronco, a Land Rover não quer ficar para trás nesta disputa dos jipes “puros e duros” com zero emissões. Tanto mais que a marca britânica percebeu, com o Defender P400e, que a sua clientela está ávida de propostas mais amigas do ambiente. Daí que agora tenha anunciado que, ainda este ano, vai arrancar com os testes a um protótipo eléctrico do novo Defender alimentado por uma célula de combustível (fuel cell) a hidrogénio, capaz de produzir a bordo a energia de que necessita, a partir do hidrogénio.

Híbridos plug-in Land Rover. Espera chega a um ano

Na perspectiva do fabricante inglês, esta tecnologia é a alternativa que melhor oferece a capacidade de circular com zero emissões, garantindo simultaneamente uma maior autonomia e um tempo de reabastecimento muito mais rápido. Além disso, acrescenta a Land Rover, os veículos eléctricos a fuel cell (FCEV) sofrem menos quando submetidos a temperaturas extremas, ao contrário do que acontece nos eléctricos a bateria, pois os acumuladores são mais sensíveis às amplitudes térmicas. Como se este rol de vantagens não bastasse, o peso é outro dos trunfos dos FCEV que, ao produzirem a bordo a electricidade que impulsiona a mecânica, prescindem de ter que transportar sempre umas centenas de quilos de baterias. Ora, numa marca cujo portefólio é composto apenas por SUV, já de si modelos mais pesados e volumosos, fará sentido trabalhar numa solução que não agrave o peso.

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Por tudo isso e porque a estratégia Reimagine da Jaguar Land Rover, apresentada em Fevereiro, estipula que até 2036 as duas marcas vão ser zero emissões (a Jaguar já em 2025), o construtor inglês prepara-se para aproveitar o financiamento que o Governo do Reino Unido concede a iniciativas que reduzam as emissões de carbono no sector automóvel e usar essa ajuda pública para colocar na estrada, no final deste ano, um Defender a pilha de combustível.

Integrado no chamado projecto Zeus, este protótipo troca as motorizações convencionais por uma ou mais unidades eléctricas, cuja potência não foi divulgada, e dois tanques de hidrogénio, cuja capacidade também não foi avançada. Entre os depósitos surge a célula de combustível que assegura que pelo escape deste Defender só vai sair vapor de água.

Para já, esta é a ideia que está no papel, desconhecendo-se as especificações com que passará à fase de testes. Aí o trabalho vai avaliar até que ponto o novo conjunto motopropulsor afecta ou não o desempenho do icónico todo-o-terreno, pois não é suposto que as suas capacidades no fora de estrada sejam comprometidas. A autonomia alcançada e o consumo de hidrogénio serão outros dos itens de análise.

Embora não tenha sido avançada qualquer garantia de que haverá mesmo um Defender a hidrogénio, a Land Rover realça que o número de FCEV em circulação duplicou desde 2018, aumento esse que tem vindo a ser acompanhado pelo reforço da infra-estrutura de abastecimento, com um incremento de posto acima de 20%, segundo a Agência Internacional de Energia. De acordo com o Hydrogen Council, estima-se que existam 10 milhões de veículos eléctricos a fuel cell, em 2030, e 10.000 postos de abastecimento no globo.