A Altice Portugal vai avançar para um despedimento coletivo quase 300 colaboradores, indicou esta terça-feira o presidente executivo Alexandre Fonseca, numa carta dirigida aos colaboradores avançada pelo Eco e à qual o Observador também teve acesso.

“Cumpre informar que foi tomada a decisão de se avançar com um processo de rescisões unilaterais de contratos de trabalho, na figura de despedimento coletivo. Esta medida abrange menos de 300 colaboradores e será iniciada a breve trecho pelos Recursos Humanos”, indica a carta.

Por outro lado, “será dada a possibilidade de, querendo, [estes colaboradores] aceitarem condições de saída muito vantajosas quando comparadas às condições previstas na Lei. A escolha deste mecanismo é realizada tendo presente que é o único meio que pode garantir aos trabalhadores o acesso a medidas de proteção social, nomeadamente ao subsídio de desemprego”, complemente Alexandre Fonseca na mensagem dirigida aos trabalhadores.

A Altice Portugal chegou este ano a acordo para rescisão com perto de 1.100 trabalhadores. Estes cerca de 300 vão somar-se. Com a saída destes trabalhadores, a Meo ficará com cerca de 6.200 trabalhadores, mais do dobro do que a Vodafone e a Nos juntas.

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De acordo com Alexandre Fonseca, trata-se de “uma decisão difícil, mas que se afigura como indispensável devido ao contexto muito adverso do setor”. E, tal como tem feito recentemente, o responsável da Altice Portugal enumera os principais responsáveis por este “contexto adverso”, a começar pelo “ambiente hostil” criado pelo regulador das telecomunicações, a ANACOM, o atraso do processo do 5G português, mas também o poder político.

“O ambiente regulatório hostil, a falta de visão estratégica do país, o contínuo, lamentável e profundo atraso do 5G, bem como a má gestão deste dossier, e ainda as múltiplas decisões unilaterais graves da ANACOM e de outras autoridades, sempre com a cobertura da tutela” são razões apontadas pelo responsável da empresa na carta. “Ao longo de quatro anos destruíram significativamente valor”, sublinha.

É este contexto que “reforça e precipita a necessidade de tomar decisões sempre difíceis, mas que se impõem”, conclui.

Contactada pela Lusa, fonte oficial da dona da Meo explicou que, “decorrente da circunstância de, apesar do balanço positivo do Programa Pessoa, o Plano Integrado de Reorganização da Altice Portugal estar ainda aquém do efeito pretendido, é agora o momento” de se iniciar “uma nova etapa no âmbito da transformação da empresa, “com vista à reorganização, reestruturação e racionalização de algumas das áreas da Altice”.

“Acreditamos que esta medida contribui fortemente para reforçar a eficiência e sustentabilidade” da Altice Portugal, “proteger o futuro dos postos de trabalho e assegurar o futuro da empresa, que lidera um setor responsável por mais de 2% do PIB [Produto Interno Bruto] do país”. Adicionalmente, “o presidente executivo da Altice Portugal anunciou internamente que está a ser considerado um aumento salarial na empresa, de forma transversal, a incluir na revisão do Acordo Coletivo de Trabalho”.

Além disso, “atendendo ao facto da responsabilidade social interna sempre ter sido um dos focos desta administração, foi esta terça-feira anunciado um Programa de Apoio, através da atribuição de bolsas a filhos de colaboradores que ingressem no ensino superior no ano letivo 21/22, desde que cumpram um conjunto de requisitos, nomeadamente a excelência na qualificação na média com que se candidatam”, refere.

Nos últimos dois anos, a Altice Portugal “fez crescer o número de colaboradores diretos” em 5.500, totalizando hoje 12.500, “sendo que nos quatro últimos anos integrou perto de três centenas de jovens com licenciatura e mestrado integrado de universidades portuguesas nos seus quadros”. Atualmente, de forma direta e indireta, a dona da Meo conta com 17 mil colaboradores.