O Governo está a estudar a possibilidade de tornar gratuitos ou fortemente comparticipados os testes de deteção do SARS-CoV-2, revelou Luís Marques Mendes no espaço de comentário que protagoniza na SIC. É uma das medidas que, a avançar, fará parte da estratégia do Executivo para travar o avanço da variante Delta em Portugal. A decisão final deve ser anunciada nos próximos dias.

O pacote de medidas que o Governo deverá estar a preparar inclui também a vacinação completa de todos os indivíduos das faixas etárias mais avançadas, a aceleração da inoculação entre os mais jovens e a promoção da testagem e da vacinação para garantir acesso aos certificados digitais. Marques Mendes afirmou ainda que a task force deve começar a vacinar os adolescentes abaixo dos 16 anos a partir da terceira semana de setembro.

Para marcar seis meses desde que o processo de vacinação arrancou em Portugal, Luís Marques Mendes considerou “positiva” e um “sucesso” a campanha de inoculação da população contra a Covid-19. O comentador revisitou os números referentes à vacinação e recordou que a Pfizer é a vacina mais administrada em Portugal, que 94% dos indivíduos acima dos 60 anos já receberam o fármaco e que já há 5,3 milhões de pessoas com pelo menos uma dose tomada.

Governo deve sofrer remodelação após as autárquicas

O antigo presidente do PSD considerou “expectável” que o Governo realize uma remodelação “a curto prazo”, possivelmente logo depois das eleições autárquicas. No entanto, o comentador apontou que essas alterações deviam ser feitas já em julho, em resposta a uma “degradação” acelerada do Executivo por eventos como os festejos do Sporting no fim do campeonato nacional de futebol ou o surto de Covid-19 entre a comunidade migrante em Odemira.

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No espaço de comentário que protagoniza na SIC, Marques Mendes classificou estas crises como um sinal de que o desempenho do Governo está a ceder ao cansaço pandémico: “Soa a fim de festa”, comparou. Mas a remodelação não será “um São Sebastião” ou “uma tábua de salvação” para o país — até porque não é claro quem poderia embarcar na equipa neste momento. Primeiro, porque está em “fim de ciclo”. E depois porque o próprio primeiro-ministro pode estar de saída já em 2023.

Há, aliás, o perigo dessa remodelação se revelar “pífia”, adjetivou o antigo presidente social-democrata: pode ser inócua se ocorrer em “circuito fechado”, promovendo secretários de Estado a ministros e chefes de gabinete a secretários de Estado. “Uma remodelação é uma arma de dois gumes. Pode correr bem ou pode correr mal”, considerou o antigo ministro português. Mas a acontecer, mais valia antecipá-la, insistiu: afinal, as sondagens estão a piorar para o Partido Socialista, o que simboliza um perigo para a estabilidade do Governo.

Luís Marques Mendes fechou a intervenção no Jornal da Noite com um balanço ao desempenho da seleção portuguesa no Euro 2020, de onde foi eliminada nos oitavos de final após uma derrota por 1-0 frente à Bélgica no domingo. O comentador político considerou que a equipa foi um reflexo do próprio país: “sem ambição” e “a correr atrás do perigo”.