Há mais de 30 anos que se elege aquele que é o Chefe Cozinheiro do Ano, o maior concurso nacional de cozinha para profissionais. A grande final da 31.ª edição decorreu esta quarta-feira, 30, na Escola de Hotelaria e Turismo do Estoril, de onde Tony Martins saiu vencedor e se consagrou Chefe Cozinheiro do Ano 2020 depois de apresentar um menu composto por sopa caramela, um prato de linguado, bivalves, percebes e coentros, frango assado com arroz de miúdos e um pudim de clarissas e citrinos limonete.
A entrega de prémios já devia ter acontecido no ano passado — daí ser uma premiação relativa ainda a 2020 — mas este foi mais um dos eventos aos quais a pandemia impôs um travão. Esteve para acontecer já em abril deste ano, mas voltou a ser empurrada no calendário para decorrer então esta quarta. Tony Martins, de 35 anos anos, é chefe no grupo Jase Hotels & Resorts, com hotéis no Porto e no Douro, e já passou pelo restaurante do Casino da Figueira da Foz e pelo Bronze – Seafood & Lounge, em Ílhavo.
Em segundo ficou Cristina Fernandes, 38 anos, cozinheira no restaurante Sála, de João Sá, em Lisboa, sendo que já esteve no Oasis Backpackers Hostel, no restaurante Ministerium e no Esperança — trabalhou na Estónia no hotel Pädaste Manor e no hotel Le Moulin de Congeles, em França. O terceiro lugar do pódio foi entregue a Marco Almeida, 30 anos. Subchefe no Hotel Quinta das Lágrimas, em Coimbra, já esteve na Fortaleza do Guincho, no Arcadas, Belcanto e Feitoria, tendo passado uma temporada em Espanha no Atrio e Lasarte.
Ainda em competição estavam Tiago Lopes, 29 anos, subchefe do Vila Foz Hotel & Spa, Flávio Silva, com 35 anos, formador na Escola de Hotelaria e Turismo de Coimbra, e Hugo Portela, 35 anos, chefe no Hilton Porto Gaia, em Vila Nova de Gaia.
O concurso iniciou-se em janeiro e fevereiro e dividiu-se em quatro fases, de onde sobraram seis finalistas, apurados depois das três etapas regionais que se realizaram no Porto, Coimbra e Setúbal. Na final, os concorrentes tiveram de confecionar um menu composto por sopa, prato de peixe, prato de carne em tabuleiro e sobremesa.
As criações dos finalistas foram avaliadas pelo júri do concurso formado por António Loureiro (A Cozinha), Dieter Koschina (Vila Joya), Henrique Sá Pessoa (Alma), Paulo Pinto e Ricardo Luz (vencedor da edição 30ª edição do Chefe Cozinheiro do Ano) e António Bóia (JNcQUOI), que é presidente do júri.
Pela primeira vez, foi entregue o Prémio Harmonização Estrella Damm, que avaliou a melhor harmonização de um prato de carne em tabuleiro com a dita cerveja — foi entregue a Cristina Fernandes e ao seu prato de leitão, vegetais e trigo. O Prémio Inovação Helmut Ziebell, galardão extra que destaca o prato mais inovador do concurso, foi atribuído também à chef Cristina Fernandes e à sua sopa de funcho e gaiado servida dentro de bolo do caco.
“É o prato que mostrou ter mais inovação, muita técnica, mantinha a essência da cozinha, coisa que o chef Ziebell dá muito valor, e tinha a tradição do bolo do caco, algo regional, que se conseguiu inovar em vez de ser usado como torradas”, apontou o chef António Bóia.
Ao longo do evento, que arrancou às 10h, houve provas de cozinha, entrevistas a concorrentes e jurados e ainda uma série de conversas com outros chefes cozinheiros do ano como foi o caso de Igor Martinho (2009), Fernando Cardoso (2018), Hélder Diogo (2000), Luís Gaspar (2017) e com a presença também do mestre padeiro Mário Rolando. Esses momentos podem ser revistos aqui, na emissão que esteve a ser transmitida ao longo do dia no YouTube e Facebook das Edições do Gosto.
“No fundo, estamos a tentar que as pessoas em casa possam, pela primeira vez, partilhar este espaço connosco acompanhando através da transmissão em direto”, afirmou Paulo Amado mentor desta e outras iniciativas como o Congresso dos Cozinheiros, Food Weeks ou Cocktail Weeks — tudo com o cunho das suas Edições do Gosto —, na abertura do evento esta manhã onde foi anfitrião. “Nós na Edições do Gosto e na Inter Magazine levamos por diante este evento há mais de 30 anos procurando sempre uma valorização e um afunilamento para o produto português”.
O concurso Chefe Cozinheiro do Ano foi criado em 1990 pela revista Inter Magazine, a mais antiga revista de gastronomia do país, e na lista de vencedores já constam nomes como Fausto Airoldi (1990), Henrique Sá Pessoa (2005), João Rodrigues (2007), Vítor Matos (2003), António Loureiro (2014) e Luís Gaspar (2017) ou Ricardo Luz (2019). Esta edição ficou também marcada por uma homenagem ao chef Orlando Esteves, um dos fundadores do concurso a par com António Esteves e também jurado honorário.