O Governo francês não quer que os seus cidadãos viajem para a Península Ibérica durante as férias de verão. Em entrevista à estação de televisão France 2, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus do país, Clément Beaune, foi claro: “Àqueles que não marcaram e reservaram ainda as suas férias, digo: evitem Portugal e Espanha nos vossos destinos”, disse, citado pelo jornal francês Le Figaro.
O conselho do membro do Governo francês substancia-se no risco de propagação em maior escala em França da variante delta do coronavírus, uma variante consideravelmente mais contagiosa que há duas semanas era já considerada maioritária nos casos detetados em Portugal e que em Lisboa representará já mais de 60% dos novos casos.
Na sua entrevista à France 2, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus vincou ainda que “é melhor ficar em França ou ir para outros países” nos quais a variante delta não esteja tão presente. O Le Figaro refere ainda que Clément Beaune terá sublinhado que “em geral, a pandemia não acabou” e que o estado atual da pandemia em países como Portugal, Espanha e Grécia está a ser monitorizado de perto.
Relativamente a Portugal e Espanha, o secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus admitiu até, segundo o Le Figaro, a hipótese de “medidas reforçadas” de contenção, que poderão passar por mais restrições e limitações em viagens para este tipo de destinos. Isto caso o número de novos casos e de novos casos de infeção pela variante delta do coronavírus continuem a multiplicar-se.
Santos Silva: “As preocupações de França são compreensíveis”
O ministro dos Negócios Estrangeiros português já reagiu e disse compreender a posição do Governo francês de desaconselhar viagens não essenciais para Portugal. Augusto Santos Silva lembrou, no entanto, que este conselho deve ser enquadrado com as decisões da UE quanto às viagens.
A situação de Portugal no que diz respeito à pandemia agravou-se e as preocupações de um Estado amigo, como França, em relação aos seus cidadãos, no que diz respeito à possibilidade de viajarem para Portugal, são compreensíveis. Trata-se de um conselho”, afirmou Augusto Santos Silva, sublinhando que esta posição deve ser enquadrada com as decisões da União Europeia (UE) relativas ao certificado digital.
Em declarações à agência Lusa, o governante lembrou que, desde o dia 1 de julho, as pessoas que estejam vacinadas, imunizadas ou que realizem teste negativo à Covid podem circular livremente pela União Europeia e sublinhou a exceção: “Nas zonas consideradas vermelho escuro, de muito alta prevalência do vírus, o Estado membro pode desencorajar viagens não essenciais nessas zonas”