A lista de personalidades potencialmente espiadas com o software Pegasus continua a ser revelada pelo consórcio de órgãos de comunicação social que tornou público que regimes de dez países terão tentado aceder ao telemóvel de jornalistas e opositores políticos. O nome mais recente a ser revelado pelo The Guardian é o de Dalai Lama, que a Índia terá tentado espiar, apesar de o líder espiritual do Tibete não ter sequer telemóvel.

O governo indiano terá começado a usar o software da empresa israelita NSO que permitia recolher dados de tudo o que se fazia no telemóvel, desde aceder a mensagens a gravar conversas telefónicas em 2017, após um encontro entre o líder espiritual tibetano e o ex-Presidente norte-americano Barack Obama, que tinha antes visitado a China.

Embora a tentativa tenha fracassado por Dalai Lama não possuir telemóvel, o jornal britânico revela que a Índia terá tentado espiar cerca de duas dezenas de conselheiros do líder tibetano, entre eles assessores pessoais e religiosos, para além de Lobsang Sangay, presidente do governo em exílio do Tibete. O objetivo da Índia passava por apurar quem será o sucessor do líder espiritual e por entender o estado das relações entre o regime chinês e o território tibetano (controlado por Pequim).

Na sequência da utilização do software Pegasus pelo governo indiano, o primeiro-ministro do país, Narendra Modi, foi acusado pela oposição de ser um “traidor” e de ter comprometido a segurança nacional.

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Desde 2016 que o Pegasus tem sido utilizado para vigiar alegados opositores de uma dezena de regimes, sendo que mais de 50 mil contactos terão estado na mira destes governos — mas apenas uma parte terá sido mesmo alvo do software malicioso.

Pegasus. O vírus israelita que invadiu os telemóveis de jornalistas e ativistas de todo o mundo e que até o filho de Bolsonaro quis comprar

Artigo corrigido às 08h53