A construção de mais 5.000 habitações sociais até 2025, a criação de um observatório social e de 30 equipas multidisciplinares de intervenção comunitária são alguns dos objetivos do Bloco de Esquerda para a cidade do Porto, foi anunciado esta quarta-feira.

“Estamos ainda a construir o nosso programa de forma consolidada e participativa, mas estas são algumas das bandeiras do nosso programa”, afirmou esta quarta-feira Sérgio Aires, candidato pelo BE à Câmara do Porto, na apresentação do manifesto à comunicação social.

O manifesto, que tem como mandatário e autor ator Mário Moutinho, subdivide-se em seis temáticas de intervenção, nomeadamente a habitação, combate à pobreza, espaços verdes, mobilidade, alterações climáticas e participação democrática.

Em matéria de habitação, o candidato Sérgio Aires afirmou ser “urgente” reabilitar e construir habitação pública, exercer o direito de preferência “com critério” e regular “fortemente o alojamento local”.

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Para o Porto, um dos objetivos é, até 2025, ter 13% do total da habitação da cidade municipal, o que “implica a reabilitação ou construção de mais cinco mil casas”.

“O atual executivo dirigido por Rui Moreira acha que 9% de casas camarárias, no conjunto de todas as habitações da cidade, é demasiado só porque está acima da média nacional. Não é”, afirmou Sérgio Aires, que não é militante do BE.

Já no combate à pobreza e desigualdades, o BE propõe a criação de um observatório social, “uma estrutura participativa e autónoma de análise que inclua todos”, e um plano municipal de prevenção e combate à pobreza que conte com o apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do novo quadro comunitário da União Europeia.

Paralelamente, o BE defende a construção de pelo menos 30 equipas técnicas multidisciplinares de intervenção comunitária para darem resposta às necessidades dos bairros de habitação camarária, por considerar que “os bairros no Porto estão entregues a si próprios” e que a “falta de capacidade local” tem de mudar.

Relativamente aos espaços verdes, Sérgio Aires destacou a necessidade de se “arborizar pelo menos 35% das ruas da cidade do Porto, garantir que mais de 17 mil árvores são públicas” e de triplicar o número de hortas urbanas, para 40.

A priorização dos modos suaves e dos transportes públicos, o aumento dos corredores BUS e de uma rede ciclável são também outras propostas do BE para o Porto em matéria de mobilidade, a par da construção de parques de estacionamento públicos e da redução da velocidade para 30 quilómetros por hora.

Para o combate às alterações climáticas, o manifesto do BE propõe a criação de uma rede de monitorização climática à escala municipal, a instalação de painéis informativos sobre a qualidade do ar e a dinamização das redes de participação cidadã para “ajustar as respostas às necessidades das pessoas”.

Em matéria de participação democrática, Sérgio Aires disse ser fundamental apoiar as coletividades, associações e agentes culturais “sem paternalismos ou asfixia”.

Há tanto a fazer, pela cidade toda. Há tanto a fazer para uma cidade justa e diversa“, acrescentou o candidato do BE.

Também presente na apresentação do manifesto, a deputada e cabeça de lista à Assembleia Municipal do Porto, Susana Constante Pereira, destacou o trabalho levado a cabo nos últimos quatro anos pelo partido, salientando, no entanto, que “há ainda muito a fazer” e que este é “um balanço em construção”.

À Câmara do Porto são já conhecidas as candidaturas de Ilda Figueiredo (CDU), Bebiana Cunha (PAN), Vladimiro Feliz (PSD), Tiago Barbosa Ribeiro (PS), Diogo Araújo Dantas (PPM), André Eira (Volt Portugal), António Fonseca (Chega), Bruno Rebelo (Ergue-te), Diamantino Raposinho (Livre) e a recandidatura do independente Rui Moreira.

A Câmara do Porto é liderada pelo independente Rui Moreira, cujo movimento elegeu sete mandatos nas autárquicas de 2017, aos quais se somam quatro eleitos do PS, um do PSD e um da CDU.

As eleições autárquicas estão marcadas para 26 de setembro.