O Partido Ecologista Os Verdes apelou esta sexta-feira à ratificação por Portugal do Tratado de Proibição das Armas Nucleares e pediu o fim da energia nuclear como fonte primária, ao recordar os 76 anos da bomba nuclear em Hiroshima.
Em comunicado, o partido ambientalista recorda que o lançamento da bomba nuclear sobre Hiroxima e, três dias depois, sobre Nagasaki, por ordem dos Estados Unidos da América, provocou centenas de milhares de mortos e deixou “um legado de destruição e radiação permanente que ainda hoje se faz sentir“.
Os Verdes defendem que “é urgente proteger a Humanidade contra as nefastas consequências das armas nucleares e, para tal, é necessário um esforço conjunto e um compromisso permanente e determinado”.
Segundo o partido, estima-se que existam atualmente mais de 13 mil armas nucleares distribuídas por nove países, com a grande maioria nos EUA e na Rússia.
“É altura de assumir e defender verdadeiramente a abolição do armamento nuclear, incondicionalmente, em todo o mundo”, sublinham os Verdes.
O partido apela por isso à ratificação, por parte de Portugal, do Tratado de Proibição das Armas Nucleares, em respeito do artigo 7.º da Constituição, que preconiza o “desarmamento geral, simultâneo e controlado“.
Os Verdes defendem ainda o fim da energia nuclear como fonte primária, apelando a que produtores que tenham por base o nuclear sejam impedidos de operar no mercado elétrico português.
“É altura de reclamar o encerramento das centrais nucleares em Espanha e no Mundo“.
O tratado internacional de proibição das armas nucleares entrou em vigor em 22 janeiro, embora não tenha sido assinado pelos países que possuem armamento atómico.
O documento proíbe a utilização, o desenvolvimento, a produção, os testes, o estacionamento, o armazenamento e a ameaça de uso de tais armas.
Em 24 de outubro de 2020, o tratado, aprovado por uma centena de nações, foi ratificado por 50 países, o que permitiu a entrada em vigor 90 dias depois.
Com os Estados Unidos e a Rússia, que detêm 90% deste tipo de armamento, o mundo conta nove potências nucleares: China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte.
A maioria destes países defendem que estes arsenais servem de dissuasão e afirmam aplicar o tratado de não-proliferação, que visa impedir a disseminação deste armamento a outras nações.
O tratado de proibição das armas nucleares foi estabelecido por iniciativa da Campanha Internacional para a Abolição das Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), uma organização não-governamental distinguida com o prémio Nobel da Paz em 2017.
O Japão, único país bombardeado com armas nucleares, não assinou o tratado e questionou a eficácia do documento por não ter sido aprovado pelas potências atómicas.
Também Portugal não assinou o tratado por considerar que não responde à necessidade de desarmamento e não observa as preocupações de segurança de muitos países, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, em entrevista ao jornal ‘online’ SeteMargens.