A Ordem dos Médicos Veterinários (OMV) insistiu esta quinta-feira na necessidade de um levantamento nacional de abrigos de animais para que não se repitam mortes como as que resultaram dos incêndios em Vila Real de Santo António.

Castro Marim. O incêndio dominado duas vezes que destapou mais um abrigo ilegal de animais onde morreram 14 cães

Em reação à morte de mais de uma dezena de animais num abrigo ilegal, o presidente da OMV, Jorge Cid, mostrou-se consternado e sublinhou que os veterinários têm vindo “a alertar ao longo dos anos que este problema é geral e global do país, onde pululam situações de abrigos, uns legais e outros ilegais, com falta de condições“.

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Insistiu, por isso, na necessidade de realizar “um levantamento nacional de todas estas situações e destes locais para ver os que têm condições para funcionar e os que não têm” de modo a que “não haja surpresas como agora”.

Em caso de catástrofe – neste caso incêndios, mas poderiam ser inundações e sismos – tem de haver um plano previamente definido para a alocação dos animais, quer de companhia, quer de produção e de zoo”, integrado na proteção civil, afirmou Jorge Cid à Lusa.

O problema de raiz, frisou, é a questão dos animais abandonados e a “falta de vontade política” para o resolver.

“Basta fazer um levantamento nacional de todos os animais existentes em abrigos, canis e associações, microchipá-los a todos e esterilizar no mínimo as cadelas e eventualmente os cães, e o problema vai-se resolvendo”, acrescentou o presidente da OMV.

Outras ferramentas que considerou necessárias para evitar episódios como o de Vila Real de Santo António, esta semana, e o de Santo Tirso, em 2020, passam por integrar veterinários na proteção civil e contratar “muito mais veterinários municipais” ao serviço das autarquias.

No dia 17 de julho, Jorge Cid, em entrevista à Lusa, já tinha expressado a necessidade de se realizar um levantamento nacional e lamentou o “esquecimento” a que a situação vivida nos abrigos ilegais de Santo Tirso foi votada pelo Governo e a que junta a ausência de resposta à proposta entregue ao Ministério da Agricultura em 20 de dezembro.

O documento em causa foi elaborado pelo grupo de trabalho formado pela Direção-geral de Alimentação e Veterinária (que coordenou), da Associação Nacional de Municípios Portugueses, da Procuradoria-Geral da República, da Ordem dos Médicos Veterinários e da Liga Portuguesa dos Direitos do Animal.

Questionado sobre a quem cabe fazer o levantamento nacional, o bastonário assinalou que “tem de ser feito pelas entidades competentes, nomeadamente o Governo, por intermédio do SEPNA [Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente], Direção-Geral de Alimentação e Veterinária e pelas câmaras municipais”.