Um grupo organizado com dezenas de homens armados assaltou três agências bancárias em Araçatuba, São Paulo, no Brasil, e fez várias pessoas reféns. De acordo com a Globo morreram pelo menos três pessoas durante o ataque, dois moradores e um dos assaltantes.

Um dos moradores terá morrido por ter filmado o assalto, de acordo com o que apontou o capitão da Polícia Militar de São Paulo, Alexandre Guedes, à Globonews: “Temos uma pessoa que me parece que foi deixar a esposa no local de trabalho e retornou ao centro, onde se concentrou a ação dos criminosos, para filmar toda a ação. Parece-me — são informações preliminares — que os bandidos, identificando que ele estava a filmar, acabaram por matá-lo.”

Os assaltantes espalharam cerca de 40 explosivos por 20 pontos da cidade. Embora o assalto já tenha terminado, as lojas, empresas, escritórios e escolas da cidade continuavam fechadas durante a tarde (hora portuguesa) enquanto os aparelhos explosivos não se encontravam desativados na totalidade.

A polícia procura agora saber se ainda existem reféns, dado que a larga maioria dos assaltantes conseguiu fugir.

De acordo com os órgãos de comunicação brasileiros, depois de saírem do banco, os assaltantes abordaram vários condutores e transeuntes e fizeram deles reféns. Algums  pessoas foram mesmo amarradas em cima de capots de carros em movimento, para servirem de escudos humanos. O objetivo era evitar que a polícia disparasse na direção dos carros ou chocasse contra os mesmos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Três pessoas, suspeitas de terem estado envolvidas na operação, foram já detidas e um dos assaltantes morreu. O grupo terá mesmo chegado a cercar esquadras da Polícia Militar brasileira. Não se conhece ainda o paradeiro dos restantes assaltantes, que viajavam em dez carros e seriam entre 20 a 50.

Ferido de 26 anos com dedos das mãos e pés amputados

Da ação resultaram pelo menos cinco pessoas que ficaram feridas, quatro das quais com alguma gravidade. Segundo o G1, um dos feridos tinha 26 anos (a informação foi corrigida, dado que inicialmente a idade apontada era 25 anos) e estava a andar de bicicleta na rua quando foi atingido por um explosivo. Acabou por ter de ficar com os dedos das mãos e com os dois pés amputados.

Quatro outros homens ficaram feridos: um de 28 anos, que foi baleado no abdómen mas está com quadro clínico estável, um homem de 31 anos e outro de 38, ambos baleados e com quadros clínicos “graves, porém estáveis” e um homem de 45 anos, que foi baleado mas já recebeu alta.

Vários drones terão sido utilizados pelo grupo para controlar os movimentos da polícia e, no final, foram espalhados vários explosivos pela cidade e incendiados carros para atrasar o socorro.

“É uma cidade do interior, muito tranquila. Reféns e explosivos? Nunca se viu nada assim”

Em declarações ao Observador, um dos moradores de Araçatuba, Thanes Patrizzi, contou como se apercebeu do que estava a acontecer: “Por volta da meia-noite [4h em Portugal continental], ouvi um barulho que parecia fogo de artifício. Começámos a ouvir barulhos de tiros e explosões com intensidade e começaram a chegar as notícias, vídeos e áudios de pessoas”.

Não tínhamos noção da dimensão do que estava a acontecer. A polícia não conseguia agir porque os bandidos bloquearam as formas de acesso à cidade, montaram barricadas inclusive em cidades próximas. Os barulhos cessaram por volta das 3h”, relatou Thanes Patrizzi.

O morador local, que nasceu na cidade de Araçatuba e para ali regressou há 12 anos (depois de cinco anos a viver fora), contou que “os bandidos estavam nas ruas fortemente armados e eram muito agressivos, abordavam as pessoas nas ruas e faziam-nas reféns”. E relata que “ainda se ouviram explosões durante o dia”.

Thales Patrizzi vinca ainda que nunca assistiu a nada parecido na cidade e na região, sobretudo por os assaltantes terem feito inúmeros moradores reféns e terem espalhado explosivos pela cidade: “Araçatuba é uma cidade do interior, muito tranquila. Este foi o acontecimento mais agressivo da história de Araçatuba, nunca aconteceu algo assim aqui ou noutra cidade desta região. A população local está bastante assustada, nunca houve nenhuma coisa deste género.”

Brasil. “É o ataque mais agressivo na história da cidade”

Notícia atualizada às 20h com testemunho de morador local