Tal como muitos dos portugueses que seguem na tradição do negócio agrícola, também Adelino Carvalho já nasceu dentro da actividade. “Já nasci entre os animais”, brinca. “Desde pequenino que me conheço só a trabalhar com animais”.

Os seus pais começaram a quinta em 1976, quando Adelino tinha apenas dois anos. Sempre foram agricultores e começaram a exploração com apenas 2 ou 3 animais. Quando, em 2003, Adelino e o irmão tomaram a exploração nas suas mãos, estavam com cerca de 110 animais na exploração de leite. Hoje, a produção conta com 380 animais em ordenha, e cerca de 800 na exploração.

Uma exploração desta dimensão só é possível com muito trabalho e dedicação. Os dois irmãos e os seus quatro funcionários revezam-se para fazer um trabalho de longas horas, que perdura toda a semana. Nem a pandemia desacelerou o trabalho: “Mesmo nesta fase difícil que todos estamos a passar, isto não pode parar. Os animais dependem de nós, de quem trata deles”, explica Adelino.

Os dias começam cedo. Adelino levanta-se pelas 6h da manhã e às 7h já estão na vacaria a começar a ordenha. Este é um processo longo e delicado, que foi tornado mais simples pelo investimento que fizeram num carrossel de ordenha tecnológico, que lhes permitiu reduzir o tempo de ordenha de cerca de 4h para apenas 2h, para os mais de 300 animais.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Habituadas à rotina, as vacas entram rotineiramente no carrossel, onde os seus tetos são limpos individualmente, seguido da colocação dos conjuntos de ordenha (um objecto que faz a sucção do leite). Durante o percurso pelo carrossel, os conjuntos desligam automaticamente após a recolha do leite, abrindo automaticamente a cancela que permite ao animal avançar para a zona de alimentação. Esta tecnologia adiciona também uma componente de organização fundamental à execução do trabalho: identifica automaticamente animais doentes, ou medicados, separando esse leite para que não seja redirecionado para o tanque de recolha.

“Além da rapidez, este tipo de ordenha traz uma grande vantagem: não provoca stress aos animais”, explica Adelino, referindo à rapidez, silêncio e facilidade do processo. “O que for o melhor para eles é o melhor para nós.”

As ordenhas são feitas diariamente pelas 7h da manhã e novamente às 18h. Assim que terminam a ordenha, os animais procedem para a zona da vacaria onde acedem a um misto de produtos que compõem a sua alimentação – erva, milho, palha e ração. Por esta altura, já um membro da equipa fez a recolha dos vários produtos dos respectivos silos com a ajuda de uma lança telescópica – mais um investimento em tecnologia feito pela empresa – que mistura os diferentes componentes e ajuda na distribuição pelos comedouros.

Outras tarefas relacionadas com os animais seguem-se, desde o acompanhamento de animais em trabalho de parto, ou alimentação individual dos vitelos – os animais vêm sempre em primeiro lugar na lista de tarefas. Mas elas não se ficam por aí. Há que tratar dos campos nos terrenos adjacentes – seja lavragem, sementeira, rega ou colheita.

A exploração tem dois tipos de culturas. Como cultura de inverno, semeiam erva, e como cultura de verão produzem milho. Ambas são utilizadas completamente na alimentação dos animais, sendo tudo produzido na exploração. O material orgânico produzido pelos animais é também usado na fertilização dos campos, dando o maior nível de circularidade possível ao projeto.

Uma vez que crescer o espaço nesta zona de Portugal não é fácil, de forma a rentabilizar o terreno e os campos, a empresa investiu num trator de topo, com tecnologia de GPS. Este permite fazer uma sementeira minuciosa do espaço, colocando as sementes em intervalos regulares pré-programados para uma utilização eficiente do espaço.

Os dias são longos na exploração, especialmente para os irmãos – que partilham ainda a gestão da vacaria e a gestão financeira da empresa, feita na exploração ou mesmo em casa para passarem mais tempo com a família.

Inovar para ganhar qualidade de vida

“Tal como em qualquer outro negócio, a inovação é sempre bem-vinda!”, afirma Adelino. Inovar foi o que lhes permitiu um crescimento contínuo e a possibilidade de continuar a investir no negócio. Desde que a exploração passou para as mãos dos irmãos, a quantidade de animais cresceu para cerca de 400. Para isso foi necessário investir em métodos de ordenha inovadores, como redesenhar o espaço para que seja intuitivo, prático, fácil de manter e limpar – confortável tanto para os animais como para a mão de obra.

Os investimentos em tecnologia e materiais inovadores é também o que lhes permite continuar a gestão familiar da exploração. Todos estes upgrades contribuem para aumentar a eficiência, diminuir as horas dispendidas em cada tarefa, diminuir o número de passos dos colaboradores e tornar as tarefas, algumas bastante árduas, o mais confortável possível para o corpo.

“Os equipamentos para agricultura e pecuária são muito, muito caros”, explica Adelino. A empresa tem uma relação de longa data com o Santander, o parceiro a quem recorrem para garantir que os investimentos são feitos na altura certa.

Através da sua política de Banca Responsável, o Santander procura ser um pilar da sociedade, contribuindo para o desenvolvimento das pessoas e das empresas e apoiando o seu crescimento de forma sustentável, próxima de quem precisa de si.

“Temos uma boa relação com o nosso gestor”, conta Adelino sobre a relação de décadas que têm com o Banco, “Ele ajuda-nos e incentiva-nos a crescer”. Os irmãos estimam que, nos últimos 10 anos, fizeram investimentos de mais de 2 milhões de euros na modernização do negócio, em parceria com o banco. Têm aprovada neste momento uma proposta de 314.000€ para compra de 3 novos equipamentos. “São um bom parceiro”, conclui.

Esta modernização é essencial para a sobrevivência de um negócio familiar numa área tão competitiva como a agropecuária. E tem sido um trunfo para esta empresa que cresce ano após ano, com rendimentos líquidos sempre superiores a 100.000€.

Para Adelino, é mais do que números. O sucesso e inovação na exploração permitem melhorar processos e encurtar cada vez mais o esforço físico e as horas de trabalho, para que possa passar mais tempo com a família e aproveitar o tempo com os filhos. Também eles, apesar de ainda crianças, já vão aprendendo o negócio familiar.

A curto-prazo os objectivos passam por manter a produção atual – que já chega aos 4 milhões de litros de leite anuais – e continuar a tornar a produção mais fácil e digna para as gerações vindouras.

“Quando fazemos investimentos, é a pensar neles. Se de hoje a amanhã eles quiserem continuar o negócio, será mais fácil para eles. Para que tenham uma vida mais simples e não tão dura como as que tiveram gerações passadas.”

Saiba mais em https://observador.pt/muito-mais