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Das discussões com Brad Pitt por causa de Weinstein ao divórcio que a "destroçou": as confissões de Angelina Jolie

Este artigo tem mais de 3 anos

A atriz não deu detalhes sobre o divórcio, mas admitiu, em entrevista ao Guardian, ter sido traumático. Os desejos de Jolie são de que a sua família "se cure" e isso incluiu também Pitt no processo.

Angelina Jolie falou numa entrevista sobre o seu divórcio com Brad Pitt e no desejo de viver em paz com os filhos
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Angelina Jolie falou numa entrevista sobre o seu divórcio com Brad Pitt e no desejo de viver em paz com os filhos

AFP/Getty Images

Angelina Jolie falou numa entrevista sobre o seu divórcio com Brad Pitt e no desejo de viver em paz com os filhos

AFP/Getty Images

Numa entrevista ao The Guardian com foco no seu novo livro sobre direitos das crianças, Angelina Jolie levantou o véu sobre algumas questões que vão além do universo do ativismo. A atriz confessa que o divórcio com Brad Pitt foi traumático e a deixou “destroçada”, e que antes disso discutiu com o agora ex-marido por este ter trabalhado com Harvey Weinstein depois de o produtor a ter agredido sexualmente. Jolie deseja agora, depois de uma longa batalha legal, que a sua família “se cure” e que sejam “pacíficos”, rematando com: “Seremos sempre uma família”.

A atriz passou em revista momentos marcantes ao longo da entrevista que virou os holofotes para a sua família e os direitos humanos. Inevitavelmente, um nome veio à baila quando a atriz é questionada sobre os seus direitos e os desrespeito pelos mesmos dentro da indústria cinematográfica. A resposta “não é surpresa”, disse Jolie, atirando logo de seguida o nome de Harvey Weinstein, o antigo produtor de Hollywood e um dos rostos mais visados pelo movimento MeToo, condenado a 23 anos de prisão por ato sexual criminoso em primeiro grau e de violação em terceiro grau.

Harvey Weinstein condenado a 23 anos de prisão

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Jolie trabalhou com Weinstein quando tinha apenas 21 anos no filme “Playing By Heart” e conta que as mulheres tendem a minimizar uma agressão sexual se conseguirem escapar dela — como ela fez na altura e que Weinstein nega ter acontecido — mas que essa não devia ser a premissa. “A verdade é que a tentativa e a experiência da tentativa é por si já uma agressão”, conta.

Angelina Jolie diz que se afastou e avisou “as pessoas sobre ele” e que até terá pedido a Johny Lee Miller, marido da atriz na altura, para “espalhar a palavra entre os rapazes” para que outras mulheres não ficasse sozinhas com Weinstein. “Pediram-me para fazer ‘The Aviator’, mas eu disse que não porque ele estava envolvido. Nunca mais me associei ou voltei a trabalhar com ele. Foi difícil para mim quando Brad [Pitt] o fez”, admite, referindo-se a “Inglourious Basterds” de 2009.

Mas a atriz e ativista vai mais longe quando conta que o próprio Brad Pitt acabou a convidar a produtora de Weinstein para um filme em 2012, e que sentiu que o ator estava a minimizar a agressão sexual que ela tinha sofrido. “Claro que magoou”, disse Angelina, admitindo que o então casal discutiu por isso.

Divórcio “traumatizante” e um experiência que a deixou “destroçada”

O casal está separado desde o verão de 2016, quando Angelina avançou com o pedido de divórcio. O processo ficou finalizado apenas em 2019, embora a custódia dos filhos só tenha sido decidida em maio deste ano, com o juiz a conceder ao ator a guarda partilhada dos filhos.

Brad Pitt vence em tribunal e consegue a guarda partilhada dos filhos

Em março de 2021, Jolie preparava-se para “fornecer provas” de violência doméstica, no âmbito da batalha judicial pela custódia dos filhos (cinco deles menores de 18 anos), com idades entre os 19 e os 13 anos. Na mesma altura, a imprensa fez eco de que o depoimento do filho mais velho, Maddox, não teria sido abonatório para Pitt.

O casal em 2015

FilmMagic

Pai e filho protagonizaram, em 2016, um episódio de conflito a bordo de um jato privado onde viajavam de França para Los Angeles. Na altura, o filho mais velho do casal tinha apenas 15 anos. O sucedido terá ditado a separação de Brad e Angelina, mas o ator nunca foi formalmente acusado, embora os serviços sociais e o próprio FBI tenham investigado o caso.

Brad Pitt “destroçado” com acusação de violência doméstica

Durante a entrevista, até porque ainda há questões legais em cima da mesa, Jolie recusou-se a aprofundar detalhes sobre o divórcio — que se arrastou durante cinco anos —, mas revelou ter sido uma experiência traumática e que a deixou “destroçada”.

“De certa forma, tem sido a última década. Há muita coisa que não posso dizer”, admite. “Penso que no final do dia, mesmo que tu e algumas pessoas que tu amas sejam as únicas pessoas que sabem a verdade da tua vida, aquilo por que lutas, ou aquilo que sacrificas, ou aquilo que sofreste, vens para a estar em paz com isso, independentemente de tudo o que se passa à tua volta.”

Antes de se separar de Brad Pitt, Jolie identificava-se como realizadora, tendo o último filme realizado pela atriz sido lançado em 2017, “First They Killed My Father”. Mas a sua carreira no cinema acabou por ficar em segundo plano e a atriz tem-se dedicado aos filhos e ao ativismo em várias causas.

“Só quero que a minha família se cure, e quero que todos possamos seguir em frente — todos nós, incluindo o pai deles. Quero que nos curemos e sejamos pacíficos. Seremos sempre uma família”, confessa.

Duas décadas de ativismo e um novo livro para ensinar os jovens

Os último 20 anos da atriz têm sido marcados fortemente pelo seu ativismo e pelas recorrentes campanhas pelas direitos humanos, talvez porque a sua mãe lhe incutiu isso desde cedo quando mostrava que “ficava incomodada quando via pessoas a serem maltratadas”, refere a atriz. Jolie foi primeiro como embaixadora da Boa Vontade da Agência de Refugiados da ONU e depois como enviada especial do Alto Comissário das Nações Unidas para os refugiados em países como a Serra Leoa, Iraque, Síria ou Afeganistão. Mas mais que os direitos humanos, a atriz e realizadora luta pelos direitos das crianças e esse tem sido o seu último foco.

Sobre a luta pelos direitos e num espetro alargado do ativismo, Angelina diz que os jovens “falam destas questões com mais urgência e consciência do que é moralmente correto”, confessa ao Guardian no dia em que os talibãs tomaram Cabul. Falam melhor que “qualquer político, qualquer diplomata, qualquer ONG com quem tenha trabalhado”, admite, referindo-se a um grupo de jovens ativistas (alguns em zonas de conflito) com os quais esteve reunida dias antes da entrevista.

Recentemente lançou com a Amnistia Internacional e Geraldine Van Bueren, advogada de direitos infantis, um livro chamado “Know Your Rights”, uma obra que visa ensinar aos adolescentes e às crianças os seus direitos. A verdade é que durante as suas missões humanitárias, Jolie assistiu a muita coisa, e conheceu sobretudo “muitas crianças que vivem com o efeito de terem os seus direitos violados”, disse. “Não conseguia compreender porque é que ainda lutavam por coisas básicas que eram, para começar, os seus direitos. Isso deixou-me muito zangada.”

Os direitos apresentados no livro — de forma clara para leitura juvenil — estão ao abrigo da Convenção sobre os Direitos da Criança, implementada pela a ONU em 1989, sendo o instrumento ratificado por 196 países, à exceção dos Estados Unidos que não ratificaram a Convenção.

Angelina Jolie e os filhos Pax, Zahara, Shiloh e Knox

GC Images

Angelina, que vive nos EUA com os seus seis filhos, conta que a sua experiência não foi a melhor. Três desses seis filhos de Jolie e Pitt foram adotados de países brutalmente afetados por conflitos e pobreza — é o caso de Maddox, de 20 anos, que veio do Camboja, do Vietname veio Pax, de 17, e da Etiópia adotaram Zahara, de 16 anos. “Descobri que os EUA não tinham ratificado os direitos da criança. Uma das formas como afeta as crianças é a sua voz em tribunal — uma criança na Europa teria mais hipóteses de ter uma voz em tribunal do que uma criança na Califórnia. Isso disse-me muito sobre este país”.

A defesa dos direitos das crianças é acérrima, mesmo em alturas que parece estar a falar do seu caso pessoal — e sobre o testemunho dos seus filhos em tribunal no caso da custódia. “O que eu sei é que quando uma criança foi prejudicada, física ou emocionalmente ou presenciou o mal de alguém que ama ou de quem cuida, pode causar danos a essa criança. Uma das razões pelas quais as crianças precisam de ter estes direitos é porque sem eles são suscetíveis a viver vidas inseguras e insalubres”, explicou ao Guardian.

Questionada sobre se os seus filhos se interessam pelo ativismo, a atriz diz que é quase inevitável que se interessem, uma vez que são uma família tão diversa. “Dentro do entendimento de que são família vem uma grande consciência que tem de nascer de todos os anos em que cresceram juntos, aprendendo uns com os outros, discutindo sobre adoção, raça e família. Tens as pessoas a dizer: como podem ser irmãs, não são da mesma cor, quando és uma criança pequena. Ir para os países um do outro e ser a única pessoa da sua origem nesse país e sentir-se fora dele, no entanto, é aquela a família deles”, aponta.

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