Numa entrevista dada ao Diários de Notícias, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, teceu várias considerações sobre a formação dos profissionais de medicina familiar e terá até indicado o Reino Unido como referência de uma “formação menos exigente”. A Associação Médica do Reino Unido já respondeu e disse serem afirmações “incorretas” e que é uma ideia que “prejudica gravemente” os médicos de família “altamente qualificados” que trabalham em todo o país.

“Se for ao Reino Unido o sistema está diversificado, sobretudo aquilo que é a medicina familiar, que tem um nível de formação menos exigente do que a formação de médicos especialistas” — foi esta afirmação proferida pelo ministro do Ensino Superior que levou à troca de palavras entre os médicos britânicos que não ficaram contentes com a definição. O contexto da resposta está relacionado com o facto de Manuel Heitor ter defendido que um médico de medicina familiar não precisaria “se calhar, ter o mesmo nível, a mesma duração de formação” que médicos de outra especialidade.

“Medicina Geral e Familiar é uma especialidade com 4 anos de duração – e bem”

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“É completamente incorreto descrever a formação dos médicos de família no Reino Unido como menos exigente do que para outras especialidades médicas”, pode ler-se na nota da Associação Médica do Reino Unido, que explica todos os processos de formação pelos quais um médico de família no país passa até estar inteiramente qualificado a exercer.

“Temos de reconhecer o campo altamente especializado da medicina familiar, e fazer recuar quaisquer sugestões de que os especialistas em medicina geral são de alguma forma menos qualificados do que os seus colegas noutros campos”, escrevem. A Associação fez ainda saber que mesmo os profissionais médicos estrangeiros que se mudam para o Reino Unido passam por processos de averiguação para garantir que satisfazem os “elevados padrões” do Reino Unido.

Fórum Médico exige “pedido de desculpas público” ao ministro do Ensino Superior

Também o Fórum Médico, que junta várias entidades desta classe profissional, exigiu este sábado ao ministro do Ensino Superior um “pedido de desculpas público” pelas suas recentes declarações sobre a formação de clínicos de medicina geral e familiar.