O cardeal patriarca, Manuel Clemente, salientou esta terça-feira que os “Estudos Gerais” em Portugal e o ideal de universidade surgiram e desenvolveram-se desde a Idade Média pela ação conjugada da Igreja Católica e do Estado Português.

Esta referência histórica foi feita por Dom Manuel Clemente na inauguração da Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa, no Campus de Sintra, em Rio de Mouro, numa cerimónia presidida pelo primeiro-ministro, António Costa, e que teve na assistência o ex-Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

No seu breve discurso, que abriu a cerimónia, o cardeal patriarca considerou que a nova Faculdade de Medicina representa “um regresso” para a Universidade Católica Portuguesa — uma ideia que sustentou com alusões ao conceito histórico de “Estudos Gerais” em Portugal, desde a Idade Média.

Na última década do século XIII, a partir de 1290, por ação conjugada entre Igreja e Estado, melhor dizendo, de um grupo de eclesiásticos e do rei Dom Dinis, está a origem da nossa Universidade em Portugal. O papa Nicolau IV acedeu ao pedido para a fundação do Estudo Geral”, referiu Manuel Clemente.

Com estas referências à História de Portugal, o cardeal patriarca disse que pretendeu precisamente demonstrar “o caráter universal da Universidade” ao longo de séculos.

“Não deixa de ser significativo a Universidade Católica ter reunido a iniciativa da Igreja e o reconhecimento do Estado há mais de 50 anos e agora, de novo, em relação à Faculdade de Medicina. Assim juntamente aconteceu, quer pela persistência multissecular do ideal universitário, quer pelas vontades que se juntam ao serviço do bem comum. Bem-vinda a Faculdade de Medicina da Universidade Católica Portuguesa”, acrescentou, num discurso também escutado pela presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota, e pelo ministro da Ciência e do Ensino Superior, Manuel Heitor.

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Na sessão, o presidente da Câmara de Sintra, Basílio Horta, considerou que a abertura da nova faculdade “é um momento importante” para o seu concelho e, “sobretudo, para o país”.

O concelho de Sintra, com uma população de cerca de 400 mil habitantes e um dos mais jovens do país, merecia ser enriquecido com esta faculdade. É um projeto estruturante que toca em dois pontos nevrálgicos do desenvolvimento de Sintra: as políticas de educação e de saúde”, especificou.

No seu discurso, o presidente da Câmara de Sintra sustentou que a nova faculdade “vai dar uma resposta à falta de recursos humanos que se fez sentir na prestação de cuidados médicos”.

Com a instalação desta faculdade, começam a cair alguns mitos que têm perturbado a formação de médicos, numa perspetiva de interesse público. A recente crise da Covid-19 demonstrou a crucial importância do Serviço Nacional de Saúde para os portugueses, mas também revelou algumas das suas fragilidades que urge corrigir, como a falta de médicos”, apontou.

Basílio Horta elogiou a Universidade Católica pela “opção que teve de criar a Faculdade de Medicina contra ventos e marés”, o primeiro-ministro, António Costa, “que desde o início apoiou o projeto”, e recebeu uma salva de palmas quando destacou a “coragem” da reitora Isabel Capeloa Gil.

“A Câmara Municipal de Sintra, interpretando a vontade dos seus munícipes, gratos pelo seu trabalho em prol do concelho, decidiu por unanimidade atribuir-lhe o seu mais alto galarão, a medalha de ouro. Gostaria de ter a honra de hoje [terça-feira] lhe entregar, teria muito gosto em o fazer”, declarou, dirigindo-se à reitora da Universidade Católica, numa alusão ao facto de se estar em período oficial de campanha eleitoral para as autárquicas do próximo dia 26.