O juiz Rui Fonseca e Castro, conhecido pelas suas teorias da conspiração sobre a Covid-19 e pelos ataques constantes a figuras de Estado, considera que não existem motivos para que o Ministério Público aja contra o grupo de manifestantes que, à porta de um restaurante, ameaçou e insultou o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues
“Nada mais tolo. Dos crimes contra a manutenção do Estado de Direito e contra a paz pública nenhum deles compreende a atuação que teve lugar naquele dia. Espero que o Ministério Público não se preste a esse papelão”, atirou o juiz negacionista, num vídeo publicado esta quarta-feira nas suas redes sociais, onde voltou a insultar Ferro Rodrigues.
No sábado passado, enquanto estava a almoçar com a mulher num restaurante em Lisboa, Ferro Rodrigues foi insultado por dezenas de manifestantes negacionistas. Com megafones, os manifestantes chamaram “assassino” e “gatuno”, tendo ainda ameaçado as pessoas que estavam no restaurante, afirmando que “nunca mais nenhum cliente deste restaurante vai ter paz”.
Ferro Rodrigues insultado por dezenas de manifestantes negacionistas
Mesmo depois de sair do local, os insultos e as ameaças continuaram, enquanto o presidente da Assembleia da República e a mulher eram acompanhados pelo corpo de segurança.
PSP acusa juiz negacionista de “provocar” polícias e vai apresentar queixa
Para o juiz Rui Fonseca e Castro, no entanto, não existem motivos para que o Ministério Público acuse os manifestantes de crimes como injúria, ameaça, difamação ou crimes contra a paz pública e contra o Estado de Direito. Além disso, no vídeo publicado esta quarta-feira, o juiz negacionista volta a dizer que Portugal é governado por uma “elite pedófila e assassina”, repetindo insultos que já tinha feito ao presidente da Assembleia da República, o que levou o Ministério Público a abrir um inquérito pela crime de difamação.
Devido à difusão de teorias da conspiração, ao tom constante de ameaça nos seus vídeos e ao apelo à desobediência civil, Rui Fonseca e Castro foi suspenso, em março, pelo Conselho Superior da Magistratura. O juiz enfrenta um processo disciplinar e no final deste mês deverá ficar a saber se é ou não expulso da magistratura, enfrentando ainda uma queixa por parte da PSP que decidiu avançar para a Justiça depois de o juiz insultar agentes da polícia à entrada do Conselho Superior da Magistratura.