A coordenadora do BE, Catarina Martins, acusou, esta sexta-feira, o Governo de estar mais interessado em proteger “os lucros astronómicos das elétricas” do que o interesse público, por “não fazer nada” em relação ao preço da eletricidade.

Um dia depois de ter acusado o PS de estar a “assobiar para o lado” em relação a esta problemática da subida do custo da eletricidade, Catarina Martins foi questionada sobre as declarações à TSF do secretário de Estado da Energia, João Galamba, que garantiu que o Governo português está empenhado em “fazer uma política séria” e que não seguirá “truques fáceis, que parecem bem durante uns tempos, mas depois têm custos elevados”, à semelhança do que tem sido feito em Espanha.

“Confesso que fico um pouco surpreendida que o secretário de Estado da Energia português considere que o Governo do PS espanhol tem truques fáceis (…) Longe de mim estar a usar como bitola das propostas do Bloco de Esquerda o governo de Espanha, mas entendamo-nos: neste momento o preço da energia está um absurdo no mercado”, afirmou, à margem de uma visita à associação dos Baldios de Vila Nova.

Para a coordenadora do BE, a única razão para o Governo português “não fazer nada” em relação a este tema é o facto de “estar mais interessado em proteger os lucros absurdos, astronómicos das elétricas em vez de proteger o interesse público”.

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“Quando a ERSE for estabelecer a tarifa regulada para o próximo ano em outubro vai ter de a estabelecer em alta se nada for feito”, avisou.

Para Catarina Martins, o “Governo português não está a fazer nada e isso sim é absolutamente inaceitável”.

“E há um truque que o Governo disse que poderia utilizar e que nós não aceitamos que é ir retirar dinheiro ao fundo de garantia ambiental para pagar às elétricas para que elas possam continuar a ter lucros excessivos, mas a fatura da luz não subir assim tanto”, criticou.

Esse “truque do Governo português de retirar o dinheiro que é preciso para os transportes coletivos” e “entregá-lo como lucro às elétricas porque não tem coragem de dizer que elas estão a receber a mais” é, na ótica da líder do BE, “inaceitável”.

“A proposta do Bloco de Esquerda segue o que foi o relatório da comissão de inquérito às rendas excessivas da eletricidade, parte dessas propostas votadas pelo PS, que agora parece considerar que elas são meros truques e para mais também aplicadas a partir de agora em Espanha”, lembrou ainda.

No início do mês, em conferência de imprensa na sede do partido em Lisboa, a líder bloquista tinha já desafiado o Governo a tomar medidas urgentes para travar a “bomba-relógio” do preço da eletricidade, propondo alterar a remuneração das barragens para eliminar “lucros abusivos” e acabar com o “jackpot das eólicas” criado por Passos Coelho.

Na quinta-feira ao final da tarde, soube-se que o preço da eletricidade vai voltar a aumentar, a partir de 1 de outubro, com a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) a determinar uma subida de 1,05 euros por mês para a maioria dos consumidores em mercado regulado.