Foi o fim de um périplo “com mais de um mês” e de umas eleições que Rui Rio diz ter começado a tratar “há dois anos”. O presidente do PSD deu-se “ao luxo” de escolher Ponta Delgada para terminar a campanha, porque os açorianos “merecem”. “Ao fim de 24 anos, mudaram de vida e de Governo“, destacou, desfazendo-se depois em elogios a José Manuel Bolieiro, atual presidente do governo regional dos Açores.

No encerramento do comício desta sexta-feira, Rio assumiu que o PSD era o partido “da descentralização e da autonomia” e a sua presença nos Açores eram prova da sua “homenagem” a estes dois princípios. E daqui introduziu um dos tópicos mais abordados pelos sociais-democratas nestas eleições: a transferência do Tribunal Constitucional e do Supremo Tribunal Administrativo para Coimbra, de modo a ter um país mais “equilibrado, mais desconcentrado e descentralizado”.

O líder social-democrata aproveitou logo para mencionar o PS — que se absteve na votação na generalidade — esperando Rio que isso “não se traduza numa derrota do projeto na votação final”. E deixa um aviso: o PS pode não ter derrotado agora o projeto “porque tem medo das eleições”, mas deixa-as passar e depois “vira o bico ao prego, voltando a dizer que tudo tem de ficar na capital e que quer tudo na capital”.

Além desta medida, o líder social-democrata elencou vários projetos defendidos pelo PSD que visam a descentralização incluídos no projeto de reforma constitucional do partido, tais como o fim da figura de representante da república nas regiões autónomas e a alteração do sistema eleitoral para favorecer os círculos eleitorais mais pequenos.

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Estas medidas, diz Rio, não são “oportunas” para o PS, que não quer “mudar nada” por “uma razão muito simples”: “O PS confunde-se com o sistema e não quer mudar nada que realmente mude e crie uma rutura e rasgue horizontes aos portugueses e a Portugal.” “É a mesma coisa do que ir ter com o peru e pedir para ele votar no Natal”, atirou.

Em São Miguel, Rio destacou os apoios económicos e acusou o PS de apenas promover o emprego público, que “é pago através dos impostos das famílias e das empresas”. “Mas o motor da economia não é esse, são as empresas, os investimentos e a produção — é isto que temos de apoiar”, prioriza, afirmando que os socialistas “não apoiam as pequenas e médias empresas” e apenas algumas das “grandes” — como o Novo Banco, a TAP e a EDP.

A redução do IVA na restauração foi uma das medidas apresentadas por Rio para ajudar o tecido empresarial: “Durante a pandemia, a restauração sofreu tanto que é ou não é justo dar este apoio?”.

E Rio ainda abordou a questão dos apoios sociais e aproveitou para responder a Costa que disse que não sabe “em que país” vive o líder do PSD por causa das críticas a estas ajudas estatais. “Eu quero dar os apoios sociais a quem verdadeiramente precisa e não a quem não quer trabalhar”, vinca, destacando que o partido tem “uma matriz social-democrata” que apoia as pessoas, mas não numa situação que “não seja legal”, apelando por isso a mais “fiscalização”.

“Em que país vive Rui Rio?”, pergunta Costa por líder do PSD não compreender necessidade de apoios

Rio volta a pedir uma lição para Costa pelas “promessas”

O presidente do PSD voltou a acusar António Costa de ter feito uma campanha autárquica “montada em promessas” e confundindo o cargo de líder socialista com o de primeiro-ministro. E a expressão “metralhadora” — associada a uma “rajada de promessas” — voltou a ser usada por Rio, que enumerou algumas dos projetos que Costa prometeu: “Em Penafiel prometeu uma estrada, em Paredes mais apoio para as empresas, em Gondomar uma nova linha do metro, em Celorico de Basto uma estrada e mais recursos florestas, em Viana do Castelo uma rodovia para a zona industrial, na Maia uma estrada até Famalicão…”

Tendo em conta estas promessas, o líder social-democrata diz que é altura de “castigar” aqueles que prometem tudo até aquilo que não podem cumprir: “Quando andamos na rua e falamos com as pessoas, as pessoas criticam os políticos por, nas campanhas eleitorais, não fazerem nada daquilo que prometeram”. 

Por isso, acrescentou, o PSD quer, no domingo, “mostrar ao PS que a forma de ganhar autarquias não é prometer tudo e mais alguma coisa”. “Estou convencido de que vamos ver isso reconhecido no voto”, afirmou, lembrando que, entre os candidatos social-democratas, ninguém prometeu o que sabe que não pode cumprir.