O editorial do Público, publicado na quinta-feira à noite, classificou o manifesto Liberdade de Expressão de “sanha intimidatória” que pretende transformar aquele jornal num “vazadouro semelhante às redes sociais onde grassa a superstição, o negacionismo, as teorias da conspiração ou as indignações do dia temperadas com o habitual insulto”. As críticas são dirigidas aos autores do manifesto — não aos seus assinantes, sublinha, “para evitar ferir a boa-fé de muitos que o subscreveram em nome de altos princípios”.
O texto, assinado pelo diretor Manuel Carvalho, reiterou o pedido de desculpas dirigido aos leitores pela publicação de um artigo de opinião do médico Pedro Girão, em que o anestesiologista se refere à vacina contra a Covid-19 de ser “uma experiência terapêutica”. Foi a despublicação desse mesmo artigo que deu origem ao manifesto, que equiparou a decisão editorial a um “ato inequívoco de censura”.
O líder da redação do Público recusou estas críticas no mais recente editorial do jornal e defendeu que “confundir censura com mediação e com a aplicação de critérios editoriais só não é sinal de ignorância porque está fora de causa a craveira intelectual dos mentores do manifesto”, que, segundo Manuel Carvalho, pretendem que os órgãos de comunicação social “aceitem e publiquem sem reservas todos os seus devaneios, verdades retorcidas ou mundivisões eivadas de ressentimento aprimoradas pela desinformação”.
Manuel Carvalho também contrariou a teoria da investigadora Raquel Varela, que, na sequência de um artigo sobre os erros curriculares que levaram a historiadora a perder o apoio num concurso da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), acusou o Público de a perseguir por ter assinado o manifesto. O diretor que não há “nada, portanto, a esconder”: a notícia só foi publicada esta semana porque o Instituto de História Contemporânea (IHC) confirmou que se havia distanciado da investigadora.