A produção de motores de combustão interna e de veículos (inclusivamente electrificados) na fábrica de Eisenach da Opel, uma das principais unidades fabris da marca na Alemanha, vai ficar suspensa até ao próximo ano, desconhecendo-se em concreto quando é que será retomada. Até lá, parte da produção será deslocada para França, para a antiga fábrica da Peugeot em Sochaux.
A decisão enquadra-se num plano de ajuste da produção para lidar com a escassez de semicondutores que tem vindo a afectar toda a indústria automóvel, embora com maior severidade para uns construtores do que para outros. A propósito, a Stellantis estima que este ano irá produzir menos 1,4 milhões de veículos por causa da falta de chips, razão que já levou o grupo resultante da fusão da PSA com a Fiat Chrysler Automobiles a paralisar temporariamente a actividade de algumas das suas fábricas na Europa e também no Canadá.
Os chips são essenciais nos automóveis modernos. A ponto de, sem estas pequenas peças, os veículos praticamente não funcionarem, pois tudo o que tenha uma componente electrónica precisa de semicondutores – elementos vitais para as funcionalidades relativas à segurança, mas também de entretenimento, iluminação, ajudas à condução ou, até mesmo, o ar condicionado. Quanto maior for a sofisticação tecnológica proporcionada ao condutor, maior é a necessidade de microchips, sendo que a transição para os veículos eléctricos veio colocar ainda mais em evidência esta dependência da indústria automóvel. Com oferta e procura completamente desalinhadas, há fábricas que fecham e compradores de carros que são avisados que podem ter pela frente um tempo de espera superior a um ano. Bastará recordar que a Toyota, o maior construtor mundial de automóveis no ano passado, anunciou que iria cortar 40% da produção, “devido à falta de semicondutores e outros componentes”. E a Mercedes, pelo mesmo motivo, já fez saber aos seus clientes que podem ter de esperar um ano (ou mais) pelo carro que encomendaram.
Sem querer especificar uma data para o reinício da actividade em Eisenach, um porta-voz da Opel referiu apenas que a medida reflecte a “situação excepcional que o sector atravessa devido à pandemia e à escassez mundial de semicondutores”, ficando a retoma da produção em Eisenach dependente da resposta dada pela cadeia de fornecedores.
Fundada em 1990, a fábrica de Eisenach emprega actualmente cerca de 1300 trabalhadores, temporariamente dispensados até que a actividade seja retomada, mas nunca antes do “início de 2022”. É desta fábrica que sai o Grandland, inclusivamente as versões híbridas plug-in. O renovado C-SUV, que em breve vai ser lançado no mercado português, continua a poder ser encomendado.