O G20, que reúne 20 dos países mais poderosos do mundo, deve “estabelecer condições” para o reconhecimento do regime talibã, nomeadamente “igualdade de género” no Afeganistão e a continuação das evacuações humanitárias, afirmou esta terça-feira o Presidente francês Emmanuel Macron.

“Nós temos absolutamente — e nós quer dizer os europeus, os americanos, a China, a Rússia, as grandes potências de África, Ásia do Pacífico e América Latina juntos — de ter uma mensagem muito clara: nós, nós estabelecemos as nossas condições para o reconhecimento dos Talibãs”, disse Macron à rádio France Inter.

“Parece que o reconhecimento internacional tem um preço, que a dignidade das mulheres afegãs, que a igualdade entre homens e mulheres é um dos pontos em que insistimos e é uma condição para nós”, continuou o chefe de Estado francês.

A comunidade internacional tem-se questionado sobre a pertinência de reconhecer o regime dos talibã desde a sua tomada de Cabul a 15 de Agosto e a queda do Estado afegão, que tinha sido construído há 20 anos sob a égide estrangeira. Desde então, os fundamentalistas não puseram o país a ferro e fogo, mas continuam a impedir as alunas de estudar e as mulheres de trabalhar, sob o pretexto da sua segurança.

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“Não devemos ser ingénuos, aqueles que poderiam acreditar que os Talibã seriam liberais têm uma resposta”, disse Emmanuel Macron, que depois enumerou as condições que poderiam levar a um reconhecimento do governo Talibã.

“A primeira, para mim, é que os Talibã nos permitam continuar as operações humanitárias”, que hoje em dia se realizam “à deriva”, salientou, referindo-se à retirada de vários cidadãos franco-afegãos e afegãos, nos últimos dias, através de Doha, “para os proteger”, de outros “através de países fronteiriços”. A “segunda coisa” é que o regime talibã “deve ser claro quanto a condenar e não cooperar com nenhum dos grupos terroristas islâmicos da região”, continuou. “A terceira coisa é ter uma situação de respeito pelos direitos humanos e pela dignidade da mulher”, acrescentou o Presidente francês.

Itália está a organizar uma cimeira extraordinária do G20 sobre o Afeganistão a 12 de outubro, para discutir a ajuda humanitária e a luta contra o terrorismo naquele país. O seu chefe de governo, Mario Draghi, apelou a que se fizesse “tudo o que fosse possível” para defender os direitos das mulheres afegãs.