O primeiro-ministro António Costa defendeu esta quarta-feira que Portugal e Espanha têm “todos os fatores” para estabelecer “uma grande ponte” entre a Europa e o resto do mundo, uma ligação que considerou ser mais necessária do que nunca.

Na presença dos embaixadores dos dois países, o primeiro-ministro português afirmou que Portugal e Espanha têm de “olhar cada vez mais para a península [Ibérica] como um conjunto” e defendeu “um esforço comum para integrar mais as economias” dos dois países.

“Só essa integração nos permite, de facto, ter uma posição mais forte na Europa e mais forte neste mundo global”, argumentou António Costa.

Costa lembrou que os dois países asseguraram “a primeira Era da Globalização da história da humanidade” e frisou que continuam a ter “todos os fatores” para serem “uma grande ponte entre a Europa e o resto do mundo”.

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“Temos a posição que a geografia nos deu, mas temos também hoje as ligações históricas e culturais que a história soube construir. E essa é uma enorme mais-valia, não só para Portugal e Espanha, mas também para aquilo que podem acrescentar à Europa”, vincou o chefe do Governo português.

António Costa falava em Sines após assinatura do contrato de investimento entre a Repsol e o Governo, que prevê incentivos fiscais de até 63 milhões de euros para um projeto de 657 milhões de euros, apontado com “o maior investimento industrial da última década”.

Repsol quer tornar Complexo de Sines num dos mais avançados e competitivos da Europa

O primeiro-ministro considerou a assinatura do acordo “uma boa notícia para as sinergias das economias portuguesa e espanhola” e recordou que os dois países são hoje “aliados na NATO” e “parceiros na União Europeia”, pelo que têm de fazer da sua vizinhança “não uma dificuldade recíproca, mas uma vantagem comum” para estabelecer, em conjunto, pontes com o resto do mundo.

“Se isso era útil no passado, agora, depois do Brexit, é ainda mais necessário do que nunca. Porque a saída do Reino Unido e o crescente alargamento [da União Europeia] a Leste, nós temos o dever de garantir que a Europa não se fecha sobre si própria e não se continentaliza excessivamente, mas, pelo contrário, se mantém aberta ao mundo. E essa abertura ao mundo passa, necessariamente, pelo [oceano] Atlântico”, sustentou o primeiro-ministro.

O contrato assinado esta quarta-feira entre a Repsol e o Governo, no Complexo Industrial de Sines, vai permitir à empresa espanhola investir na construção de duas fábricas de polímeros, cada uma com uma capacidade de 300 mil toneladas por ano, com produtos 100% recicláveis.

De acordo com a empresa, as tecnologias das duas fábricas, cuja conclusão está prevista para 2025, “garantem máxima eficiência energética, são líderes de mercado e as primeiras do género a serem instaladas na Península Ibérica”.

A Repsol prevê que, na fase de construção, o projeto empregue uma média de 550 pessoas, atingindo um pico de mais de mil postos de trabalho. Prevê igualmente “o aumento líquido de postos de trabalho” de “cerca de 75 empregos diretos e 300 indiretos”.